29/04/2010

Lula descarta urânio do Irã no Brasil

Lula descarta urânio do Irã no Brasil


Presidente desautoriza Amorim, que se encontrou com Ahmadinejad.




Ao contrário da declaração feita na terça-feira pelo chanceler Celso Amorim, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que o governo brasileiro não trabalha com a possibilidade de ser o depositário do urânio do Irã.

A afirmação foi feita em Brasília, um dia após Amorim reunir, em Teerã, com presidente Mahmoud Ahmadinejad.

Durante visita à capital iraniana, o chanceler disse que o governo brasileiro estaria disposto a examinar uma eventual proposta para a troca de combustível nuclear iraniano em seu território.

- O Brasil não trabalha com a hipótese de ser depositário do urânio do Irã.

Trabalhamos com outras hipóteses e, nelas, há outros lugares muito mais próximos do Irã do que o Brasil. Acredito na relação humana, acredito na relação política e acredito que somente a paz pode trazer possibilidade de o mundo se desenvolver - disse Lula.

Apesar de Amorim ter admitido a disposição do governo de examinar uma eventual proposta, ele afirmou que a ideia não fora discutida com autoridades daquele país. Lula manteve o discurso antissanção e disse que o Brasil pode negociar uma solução pacífica.

- O Brasil tem grandeza e tem tamanho para jogar esse papel no mundo. Não está escrito em nenhum lugar que apenas alguns países podem cuidar de conflitos mundiais. Cuida de conflitos quem tem a experiência em paz do Brasil. Vamos usar essa vantagem para ajudar a resolver conflitos - afirmou o presidente.


Ahmadinejad pede visto de entrada aos EUA

Depois de viajar para a China na tentativa de convencer o governo de Pequim a aprovar a nova rodada de sanções ao Irã, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, destacou ontem a importância das gestões atuais para frear o programa nuclear iraniano. Em um encontro com o presidente chinês, Hu Jintao, em Pequim, Sarkozy disse que se as negociações com Ahmadinejad fracassarem, novas punições deverão ser impostas.

- A China deseja usar o diálogo para resolver este problema. A França entende completamente a China, e estamos dispostos a discutir o assunto em um momento apropriado, mas se o diálogo não der resultado, não resta mais saída - disse Sarkozy, ao lado do chinês.

Três dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU - França, EUA e Reino Unido - pressionam por uma quarta rodada de sanções contra o Irã, caso o país se negue a suspender parte do programa nuclear. China e Rússia - os outros dois membros - têm importantes laços comerciais com Teerã e ainda se mostram relutantes.

Ainda ontem, o governo americano recebeu um pedido de visto de entrada no país por parte de Ahmadinejad. Segundo a embaixadora americana na ONU, Susan Rice, ele deve participar da conferência do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), na próxima semana, na sede da organização, em Nova York. De acordo com autoridades, Ahmadinejad provavelmente receberá o visto.

- Temos certas responsabilidades como sede da ONU. Qualquer autoridade estrangeira que estiver vindo para questões oficiais normalmente recebe um visto - disse o porta-voz do Departamento de Estado, P.J. Crowley.

Fonte: O Globo-Por:Luiza Damé

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