Europa retoma 50 % dos voos nesta terça-feira
Vulcão localizado na geleira islandesa Eyjafjallajokull expele lava e começa a reduzir emissão de fumaça
A agência europeia de aviação, a Eurocontrol, informou que 50% dos 28 mil voos previstos para esta terça-feira em países da União Europeia foram confirmados e devem decolar.
Os cerca de 14 mil voos restantes devem ser cancelados, devido aos riscos que as cinzas expelidas pelo vulcão na geleira de Eyjafjallajoekull, na Islândia, representam para a aviação.
Segundo a Eurocontrol, caso as previsões para esta terça-feira se confirmem, cerca de 95 mil voos terão sido cancelados desde quinta-feira da semana passada, quando começou o caos aéreo europeu.
Nesta terça, voos começaram a ser retomados no Reino Unido, após cinco dias de paralisações. Na Europa, alguns aeroportos também estão operando, porém muitos voos ainda estão sendo cancelados.
Muitos esperavam que o espaço aéreo fosse liberado na maioria dos países nesta terça-feira, mas o vulcão na geleira de Eyjafjallajoekull voltou a expelir mais cinzas, levantando dúvidas sobre a normalização das atividades.
Na Grã-Bretanha, o espaço aéreo foi aberto na Escócia na manhã desta terça-feira. A Irlanda do Norte reabriu seu aeroporto às 10h (6h no horário de Brasília), mas anunciou que fechará seu espaço aéreo novamente à tarde. Na Inglaterra, os aeroportos de Manchester, Birmingham, Luton and East Midlands estão fechados até as 19h (23h no horário de Brasília).
Nas demais partes do país - incluindo Londres - os aeroportos ainda estão fechados.
A companhia aérea British Airways disse que cancelou todos os voos de curta distância após o alerta de que o vulcão voltou a expelir cinzas.
Três categorias
Em Frankfurt, na Alemanha, 95 dos cem voos previstos haviam sido cancelados até o início da tarde.
Em Madri, na Espanha - onde o espaço aéreo está aberto desde segunda-feira - ainda há muitos cancelamentos de voos. Dezenas de ônibus foram colocados à disposição para levar pessoas a Paris, Bruxelas e Genebra.
O espaço aéreo deve reabrir na Bélgica e na Dinamarca nesta terça-feira. Aeroportos também reabriram em Áustria, Estônia, Hungria e Turquia.
Na Suíça e no norte da Itália, o espaço aéreo foi reaberto às 7h desta terça-feira.
No entanto, Finlândia, Polônia e Noruega continuam com seus aeroportos fechados.
Na segunda-feira, ministros dos Transportes da União Europeia analisaram uma proposta de dividir o espaço aéreo em três categorias: uma área totalmente fechada para voos, uma parcialmente aberta e outra totalmente liberada.
Vulcão em atividade
Para lançar ainda mais incerteza sobre a situação do tráfego aéreo europeu, a atividade do vulcão Eyjafjallajoekull se intensificou, e uma nova nuvem de cinzas está se espalhando sobre a Grã-Bretanha, segundo informações divulgadas na noite de segunda-feira pelo Centro de Controle do Tráfego Aéreo do país (Nats, na sigla em inglês).
Em nota, o órgão afirmou que a mudança na atividade vulcânica pode interferir na abertura do espaço aéreo de vários países.
“As informações mais recentes do Escritório de Meteorologia mostram que a situação está piorando em algumas áreas”, diz a nota. Segundo o Nats, os novos dados demonstram a dificuldade de se fazer prognósticos e tomar uma decisão definitiva sobre a retomada dos voos.
Mais cedo, geólogos islandeses que monitoram o vulcão Eyjafjallajoekull afirmaram que a erupção havia entrado em uma nova fase, na qual mais lava estaria sendo produzida, em vez de cinzas e pó. Mas, eles também alertaram que o vulcão ainda estava bastante ativo e poderia causar novas erupções em vulcões próximos.
Especialistas dizem que não é possível prever a duração da nuvem de cinzas vulcânicas que continua a atrapalhar a aviação europeia e, portanto, o seu impacto econômico.
O tráfego aéreo da Europa poderá retornar à normalidade em alguns dias ou a erupção poderá durar alguns meses. Abaixo há três cenários com o impacto sobre a economia e os mercados caso a crise dure mais uma semana, um mês ou seis meses ou mais:
Saiba o que pode acontecer se o vulcão islandês seguir ativo
- Se a interrupção durar mais uma segunda semana, o impacto econômico aumentará fortemente.
- Muitos viajantes retidos conseguirão voltar para casa, mas não seriam substituídos por novos visitantes, deixando os hotéis com baixa taxa de ocupação, após uma semana bastante movimentada.
- As ações das companhias aéreas cairiam drasticamente, dependendo em boa parte de os governos parecerem abertos ou não à ideia de socorro financeiro.
- O preço do petróleo cairia ainda mais e o impacto no mercado de câmbio observado até agora seria exacerbado. O xelim queniano e a lira turca permaneceriam sob pressão por causa de preocupações relacionadas à horticultura e ao turismo.
- Mais empresas começariam a sofrer com a ausência de suprimentos normalmente entregues via aérea "em cima da hora".
Faltariam a alguns fabricantes componentes essenciais, os supermercados não teriam flores, frutas e verduras provenientes da África, alguns laboratórios farmacêuticos poderiam ficar com estoques baixos.
- As cadeias de abastecimento ficariam mais flexíveis. Alguns supermercados já estão transportando bens perecíveis de avião da África para a Espanha e a partir daí de caminhão para os destinos que se encontram sob a nuvem vulcânica.
Firmas de logística estão organizando centrais nos aeroportos ainda em funcionamento e depois usam bicicletas e vans dentro da área afetada.
- É difícil calcular o impacto sobre o produto interno bruto e boa parte disso dependerá do grau de restrição. Áreas do espaço aéreo europeu abriam e fechavam na terça-feira à medida que a nuvem se movia, e isso é difícil prever e impossível de se criar um modelo.
- A PricewaterhouseCoopers estima que uma semana de restrição acabaria com entre 0,025 e 0,05% do PIB anual britânico e o mesmo provavelmente seria verdade para outros países europeus.
- Isso forçaria muitas empresas a revolucionarem a forma com que operam. Conferências e reuniões seriam canceladas, não apenas durante o mês, mas também mais tarde, ao longo do ano.
- Empresas de logística poderiam se adaptar melhor, reduzindo o impacto com o uso de outras centrais ou métodos de entrega.
A indústria do turismo seria afetada gravemente, sobretudo as economias do Mediterrâneo, como Turquia, Grécia, Itália e Espanha. Mesmo que a nuvem desapareça até o fim de maio, é provável que as reservas para o verão europeu sejam bastante afetadas.
- A restrição com um mês de duração teria um impacto quase que certo sobre o PIB europeu trimestral, embora seja impossível estimar o quanto sem saber o grau de restrição e como as empresas reagirão. Alguns economistas afirmam que há muitas variáveis para que valha a pena fazer modelos.
- As companhias aéreas pressionarão muito os governos para que abrandem as restrições, colocando as autoridades numa posição complicada.
Se o espaço aéreo europeu ficar 99,9% seguro, com entre 20 mil e 22 mil voos por dia, isso ainda significaria que por volta de 20 aeronaves por dia ainda sofreriam com efeitos prejudiciais ou pane no motor.
Qualquer acidente seria politicamente desastroso tanto para as companhias aéreas como para as autoridades.
- Os atrasos nas viagens quase certamente diminuiriam o compasso da resposta europeia e do FMI à crise da dívida da Grécia.
O adiamento de uma reunião do FMI e da UE na segunda-feira pressionou as taxas de juros gregas ainda mais para cima e qualquer adiamento maior seria mal avaliado pelos mercados.
A última erupção desse vulcão durou mais de um ano; portanto, essa possibilidade não pode ser descartada.
- As companhias aéreas e os governos ficariam desesperados para colocar os voos em operação de novo e teriam de ser convencidos sobre a necessidade do fechamento do espaço aéreo se tivessem de mantê-lo.
- Mesmo uma restrição intermitente seria devastadora em termos de reservas perdidas.
As empresas de logística poderiam se adaptar com relativa rapidez, normalizando a produção, mas a remessa aérea de algumas commodities poderia simplesmente cessar, caso nenhum outro método custo-efetivo estiver disponível.
- O impacto sobre a indústria do turismo ao longo do período do verão exercerá um forte impacto sobre o PIB.
Alguns economistas sugeriram que isso poderá ser o suficiente para conduzir a Europa de volta à recessão.
A economista da Chatam House Vanessa Rossi estimou que a restrição praticamente total vista na semana passada por mais meses poderia diminuir o PIB europeu entre 1 e 2%.
- O impacto deverá variar de país a país. Na Grã-Bretanha, os prejuízos decorrentes da ausência de turistas americanos e europeus poderiam ser mais do que compensados pelos britânicos passando férias no próprio país. No Mediterrâneo, é quase certo que o impacto seria negativo.
A África do Sul sofreria bastante caso a Copa do Mundo fosse afetada.
- O FMI e a UE teriam de encontrar formas de organizar pacotes de ajuda que não exijam visitas frequentes ou correriam o risco de atrasar a assistência financeira a uma série de países da Europa.
Fonte:Portal Terra/Reuters/EFE/BBC Brasil
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