19/04/2010

Europa começa a retomar voos e abrir espaço aéreo

Europa começa a retomar voos e abrir espaço aéreo


França foi um dos primeiros a reabrir parte de seus aeroportos

A Grã-Bretanha, a Bélgica, a França e a Alemanha anunciaram, na tarde desta segunda-feira, a reabertura parcial de seus espaços aéreos, cinco dias depois do início da crise provocada por uma nuvem de cinzas vulcânicas originada na Islândia.

O órgão que controla o tráfego aéreo britânico confirmou que o espaço aéreo da Irlanda do Norte, da Escócia e do norte da Inglaterra reabrirá às 7h da terça-feira (hora local, 3h da terça-feira em Brasília).

A Bélgica anunciou que permitirá alguns pousos a partir das 8h da terça-feira (3h em Brasília) e decolagens a partir das 14h (9h em Brasília).

Na Alemanha, a autoridade de aviação civil autorizou a companhia aérea Lufthansa a operar 50 voos rumo ao país na noite desta segunda-feira.

Em seu site, a empresa anunciou que dará prioridade a voos vindo da Ásia, da África e das Américas, que deverão levar um total de 15 mil passageiros a Frankfurt, Dusseldorf e Munique.

A França reabriu aeroportos no sul do país e anunciou que, a partir das 8h da terça-feira (3h em Brasília) abrirá "corredores aéreos" para Paris, permitindo o pouso de aviões vindos de outros continentes.

A companhia Air France avisou, em seu site, que passageiros com bilhete para voar para São Paulo na noite desta segunda-feira seriam levados de Paris a Toulouse, de onde seguiriam para o Brasil.

Erupções diminuindo

Ainda nesta segunda-feira, geólogos que monitoram as atividades do vulcão da geleira Eyjafjallajoekull, na Islândia, disseram que as erupções explosivas que estão produzindo a enorme nuvem de cinzas podem estar diminuindo.

Em entrevista à BBC, David Rothery, do Departamento de Ciências Ambientais e da Terra da Open University, disse que as observações recentes indicam que não há mais uma coluna de cinzas saindo do vulcão, apesar de ele ainda estar em erupção.

Mas o geólogo lembra que mesmo que não haja novas cinzas sendo lançadas na atmosfera, ainda deve demorar alguns dias para elas se dispersarem.

Diante da persistência da crise que já afeta mais de 6,8 milhões de passageiros, com de 63 mil voos cancelados e perdas estimadas em torno de US$ 200 milhões (R$ 350 milhões) por dia, companhias aéreas e governos começaram a pressionar autoridades de aviação civil para que revissem suas restrições, e passaram a pensar em alternativas para ajudar as vítimas.

O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, anunciou o envio de três navios da Marinha para buscar passageiros britânicos que estão na Espanha e não conseguem voltar para casa.



Ministros dos transportes da União Europeia seguem reunidos por videoconferência para discutir o impacto da crise no setor em todo o continente, e tentar encontrar maneiras de ajudar os passageiros que não conseguem embarcar em aviões.

Vulcão em erupção na Islândia libera lava pela primeira vez

Lava é expelida pela primeira vez pelo vulcão da geleira  Eyjafjallajokull, na Islândia Foto: AP
Lava é expelida pela primeira vez pelo vulcão da geleira Eyjafjallajokull, na Islândia, que provoca caos na Europa


O vulcão em erupção na Islândia liberou lava pela primeira vez nesta segunda-feira, informou à AFP um piloto de helicóptero que sobrevoou a cratera.

"Vimos a erupção mudar de explosões de cinzas a emissões de lava", relatou o piloto. "É o primeiro dia em que vemos lava", acrescentou.

Petursson disse que a grande nuvem vista nesta segunda-feira sobre o vulcão era agora composta em sua maior parte por vapor. "O que vemos agora é principalmente vapor, e não cinzas", explicou.

No caso da mudança ser confirmada, a nuvem de cinzas vulcânicas que está paralisando o tráfego aéreo na Europa pode começar a se dispersar.

Empresas aéreas têm prejuízo de US$ 200 milhões por dia com caos aéreo, estima Iata


A Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata, na sigla em inglês) estima que as companhias áreas afetadas pela nuvem de cinzas vulcânicas que paira sobre a Europa estejam perdendo, em conjunto, até US$ 200 milhões por dia por causa do cancelamento de voos.

Ainda não se sabe até quando o caos aéreo no continente vai persistir, mas quanto mais tempo o espaço aéreo de vários países continuar fechado, maior será o impacto da crise na economia em geral.

As companhias aéreas são as que sofrem mais diretamente. O primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Gordon Brown, admitiu que o problema é tão grave que o governo pode cogitar dar ajuda financeira às empresas.

Outros setores, como o de turismo e os que dependem do transporte aéreo de mercadorias perecíveis, também estão sendo afetados.

Turismo

O impacto da crise na indústria do turismo pode ser relativamente pequeno se a interrupção de voos durar poucos dias.

O economista Howard Archer, da IHS Global Insight, lembra que esta não é alta temporada para o turismo na Europa.

Embora a indústria vá perder dinheiro de pessoas impedidas de viajar e passageiros com dificuldade para embarcar de volta para seus países, muita gente está sendo forçada a gastar mais dinheiro do que esperava, compensando algumas perdas.

A crise é inoportuna para a Grécia em particular, pois ocorre em um momento de dificuldade para uma economia que depende muito de turistas que chegam por via aérea.

Mercadorias

O comércio internacional depende mais do transporte por estrada, ferrovia e mar do que por via aérea.

Na Grã-Bretanha, por exemplo, só 1% do volume de mercadorias segue por aviões.

Alimentos exportados da África e do Caribe estão entre os mais atingidos e há notícia de que agricultores do Quênia estão sendo forçados a jogar fora estoques de alimentos e flores destinados para os consumidores europeus.

De acordo com uma notícia do jornal Daily Nation, do Quênia, a economia do país está perdendo US$ 3,8 milhões por dia por causa da suspensão do tráfego aéreo em vários países europeus.

Alguns economistas dizem que no curto prazo, o impacto do caos aéreo na economia pode ser pequeno, mas se ele persistir, pode acabar sendo danoso em um momento em que as economias europeias estão emergindo de uma grave recessão.

Favorecidos

Enquanto isso, companhias que oferecem outros tipos de transporte estão se beneficiando com a crise.

A Eurostar, que opera o serviço de trens que liga a Grã-Bretanha à França, teve um grande aumento de passageiros desde que a nuvem de cinzas interrompeu o tráfego aéreo, na quinta-feira.

A empresa transportou 50 mil passageiros a mais na quinta e sexta-feiras - um aumento de quase um terço. Os trens saíram lotados.

Também houve um grande aumento de passageiros nas balsas que cruzam o Canal da Mancha, entre Grã-Bretanha e França.

A P&O disse que suas embarcações que fazem a ligação entre Espanha, França, Holanda e Grã-Bretanha estão lotadas.



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