O número de mortos pelo terremoto de magnitude 8,9 seguido de um tsunami no Japão chega a 900, segundo o último balanço anunciado pela polícia neste domingo (no horário local).
A polícia nacional acrescentou ao balanço 642 pessoas desaparecidas e 1.570 feridos.pelo tremor que abalou a coista nordeste do país na véspera, gerando um devastador tsunami, que varreu partes da costa da ilha de Honshu.
O número de vítimas, porém, ainda não é definitivo e pode, de acordo com estimativa do próprio governo, superar os mil mortos. A agência Kyodo fala em 1.700 mortos.
Militares encontraram entre 300 e 400 corpos no porto de Rikuzentakata, informou o Exército neste sábado. Em outra cidade portuária, Minamisanriku, havia cerca de 10 mil desaparecidos, segundo a TV local.
Acidente nuclear
Além da tragédia, aumentam os temores de que um acidente nuclear atinja a população, após a explosão em uma usina da cidade de Fukushima.
O número de indivíduos expostos à radiação pode chegar a 160, disse um funcionário da agência japonesa de segurança nuclear.
Nove pessoas já haviam mostrado uma possível exposição à radiação da usina, com base em informações de testes por parte das autoridades municipais e de outras fontes, e as estimativas das autoridades sugerem que este número poderia subir a algo entre 70-160, segundo o funcionário da central nuclear da Agência de Segurança Industrial e Nuclear, em entrevista coletiva.
Mais cedo, o operador da usina nuclear atingida pelo terremoto anunciou que o sistema de resfriamento de um outro reator não está funcionando e também corre o risco de explosão.
"Todas as funções de manutenção dos níveis de refrigeração do reator de número 3 falharam na usina número 1 de Fukushima", afirmou um porta-voz da empresa operadora, Tokyo Electric Power.
O governo japonês informou à Agência Internacional de Energia Atômica das Nações Unidas que houve um início de aumento da radioatividade após um acidente em outro reator de Fukushima 1, mas que os níveis "vem diminuindo nas últimas horas".
De acordo com a AIEA, autoridades japonesas informaram que a explosão na central nuclear de Fukushima ocorreu fora do recipiente primário de contenção. "A empresa que opera a unidade, Tokyo Eletric Power, confirmou que o recipiente primário de contenção está intacto", diz um comunicado.
O acidente nuclear chegou a ser avaliado no nível 4 numa escala que vai até 7, segundo a Agência de Segurança Nuclear e Industrial do Japão.
A explosão na usina foi decorrência do forte terremoto de magnitude 8,9 que atingiu a costa do país na véspera, gerando um tsunami devastador e mais de cem fortes réplicas.
A preocupação em relação à possibilidade de contaminação nuclear persiste, apesar de o governo japonês ter tranquilizado a população em relação às consequências do desastre.
De acordo com a AIEA, o governo do Japão eu início à retirada de cerca de 140 mil pessoas da área próxima à usina. Estima-se que 110 mil pessoas já deixaram a área num raio de 20 km próxima a uma das usinas.
Na escala, o nível 0 corresponde à ausência de anomalias, e o 7, a um acidente grave. No nível 4, o envento já pode ser considerado um "acidente".
A explosão que fez com que parte do prédio que comporta o reator número 1 derretesse. No entanto, o governo afirmou que o exterior do reator não foi danificado e pediu que a população local mantenha a calma.
Ainda assim, as autoridades ordenaram a retirada dos habitantes a um raio de 20 km da usina.
O porta-voz do Estado, Yukio Edano, acrescentou que a radiação no local havia "diminuído bastante" após a explosão.
Como funciona
Normalmente, o sistema de segurança desliga automaticamente os reatores depois de tremores. Para que não permaneçam aquecidos, é preciso acionar um sistema de refrigeração. Por causa do tsunami, faltou eletricidade necessária para que isso acontecesse.
A água resfria os elementos combustíveis compostos de urânio enriquecido.
Eles permanecem dentro de uma espécie de piscina. Resfriada, ela evita o acúmulo de vapor radiativo no vaso de contenção externo, feito de concreto.
Se a água não for resfriada, válvulas liberam esse vapor, como forma de impedir uma pressão insuportável dentro da proteção externa e o superaquecimento dos elementos combustíveis.
A liberação controlada do vapor radioativo foi determinada pelo governo japonês, como medida de emergência para evitar o risco de um acidente maior.
A explosão do reator poderia provocar uma catástrofe nuclear.
"Depois de Chernobyl, não houve nenhum acidente importante. Isso deu aos engenheiros nucleares a certeza de que a tecnologia estava dominada. O acidente japonês vai destruir as esperanças de que a energia nuclear é uma energia limpa", disse o professor e físico nuclear José Goldemberg, é o pior acidente nuclear desde Chernobyl, em entrevista à equipe de reportagem do Jornal Hoje .
Em entrevista Goldemberg disse que ainda é cedo para diagnosticar exatamente a dimensão do perigo que o vazamento em Fukushima representa.
Preocupa o especialista, no entanto, o fato de que o governo tem ampliado nos últimos anos a distância mínima de isolamento da usina considerada segura para a população, o que sinalizaria que o risco é maior do que o projetado inicialmente.
Cerca de 45 mil pessoas que estão em um raio de 20 km da usina, no leste do Japão, foram orientadas a sair da região.
Antes, o isolamento era de 10 km. No portão da usina, a radiação ficou oito vezes acima do normal.
"A única indicação que me inquieta é que há dois anos atrás esta área era de 3 km. Aumentaram para 10km, e agora para 20km. É uma indicação de que havia mais radiação do que eles esperavam", disse o especialista.
À agência Reuters, analistas e representantes da indústria comentaram os perigos na usina de Fukushima Daiichi. Afinal, o que aconteceu no lugar? "A mais provável [causa da explosão] é a substância de refrigeração, particularmente se é a água, que pode superaquecer e se transformar em vapor mais rapidamente do que foi projetado", responde Timothy Abram, professor de tecnologia de combustível nuclear na Universidade de Manchester.
"Até agora parece que não é o núcleo do reator que foi afetado, o que seria uma boa notícia", completa Paddy Regan, da Universidade de Surrey. Para a World Nuclear Association, associação da indústria com sede em Londres, a explosão foi provavelmente devido à ignição de hidrogênio e ela seria pouco susceptível de causar um grande acidente. "É obviamente uma explosão de hidrogênio", confirma o diretor de comunicação Ian Hore-Lacy. "Se o hidrogênio foi inflamado, então ele já se foi, não representa mais qualquer ameaça."
Mas, depois dessa explosão, qual seria o perigo real? "O combustível do reator parece ter derretido ao menos parcialmente e a posterior explosão quebrou as paredes e o teto do recipiente de contenção", analisa o consultor de riscos Luke Stratfor. "Há relatos de fumaça branca.
Talvez seja concreto em chamas, vindo do local da explosão, indicando uma violação da contenção e da fuga quase certa de quantidades significativas de radiação." Para Abram, no entanto, seria algo pouco provável.
"Se eles estão sugerindo que o reator está intacto e que eles têm uma maneira de obter água fria no núcleo do reator para esfriar esse núcleo, é uma notícia muito boa", diz Mark Hibbs, da organização Carnegie Endowment for International Peace.
Informações oficiais
Moradores da área de Fukushima receberam, em uma hora, radiação que seria tolerável para um ano. Na sala de controle, o nível de energia radioativa ultrapassou em mil vezes o permitido. Quem está fora da área atingida foi orientado pelo governo japonês a ficar dentro de casa, sem abrir portas e janelas.
É indicado também que não bebam água da torneira.
A Agência Japonesa de Segurança Nuclear e Industrial descartou que o contêiner do reator tivesse sofrido danos sérios, informou a agência de notícias Kyodo.
Segundo o governo japonês e a empresa que opera a usina, a Tokyo Electric Power (Tepco), não houve vazamento radioativo considerável e o nível de radioatividade na região está baixando.
Rússia se previne
O premiê da Rússia, Vladimir Putin, ordenou a verificação dos planos de emergência na zona oriental do país, após o incidente na usina japonesa, informou a agência de notícias Ria-Novosti.
O primeiro-ministro falou sobre o assunto numa reunião com o titular da Energia Igor Setchine, com o responsável pela agência russa de energia nuclear Rosatom, Serguei Kirienko, e que contou com a participação do vice-ministro das Situações de Emergência, Rouslan Tsalikov.
As autoridades russas, no entanto, mostram-se tranquilas em relação à possibilidade de poluição radioativa.
O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, informou que 50 mil militares se dedicarão aos trabalhos de resgate nas províncias afetadas do nordeste do país.
Cerca de 190 aviões e 25 navios já foram destacados para as tarefas de busca, nas quais forças americanas colaborarão com seus navios para o transporte de efetivos do Exército japonês.
Na província oriental de Iwate, algumas cidades foram varridas do mapa pelo tsunami originado pelo tremor.
Em Sendai, cidade com 1 milhão de habitantes que é capital da província de Miyagi, entre 200 e 300 pessoas se afogaram devido ao tsunami, e seus corpos estavam sendo recuperados, segundo a polícia local.
Segundo a "Kyodo", há pelo menos 3.400 edifícios destruídos no Japão devido ao terremoto, que causou ainda pelo menos 200 incêndios no território japonês.
Sétimo pior da história
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O tremor foi o 7º pior na história, segundo a agência americana, e também o pior já registrado no Japão.
Houve um alerta de tsunami para diversos países da costa do Oceano Pacífico, mas a chegada das ondas a estes locais causou apenas danos menores, e o alerta foi cancelado. Milhares de moradores foram retirados por precaução.
Fonte:G1 /Videos ;;w1TenMinutes
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