A Arábia Saudita enviou tropas ao Barein nesta segunda-feira para ajudar a reprimir os protestos da maioria xiita que se repetem há semanas, numa iniciativa que adversários da família reinante sunita do Barein descreveram como uma declaração de guerra.
Analistas viram a movimentação de tropas como sinal do receio da Arábia Saudita de que concessões políticas feitas pela monarquia barenita possam servir de incentivo à minoria xiita do reino saudita.
Cerca de mil soldados sauditas entraram no Barein para proteger instalações do governo, disse uma fonte oficial saudita, um dia depois de manifestantes em sua maioria xiitas passarem por cima da polícia e bloquearam estradas.
"Eles (os soldados) fazem parte da força do Conselho de Cooperação no Golfo (CCG), que vai guardar as instalações do governo", disse a fonte, aludindo ao bloco de seis membros que coordena a política militar e econômica da maior região exportadora de petróleo do mundo.
Testemunhas disseram que a estrada elevada de 25 quilômetros de extensão entre os dois países foi fechada e que tanques estavam atravessando para o Barein, aliado chave dos EUA e base da Quinta Frota da Marinha norte-americana.
Analistas e diplomatas dizem que o maior contingente em qualquer força do CCG viria da Arábia Saudita, que já teme que um levante dos xiitas do Barein possa inspirar a população xiita insatisfeita de sua própria província oriental, centro da indústria petrolífera saudita.
Grupos oposicionistas do Barein, incluindo o maior partido xiita, o Wefaq, qualificaram a iniciativa saudita de ataque contra cidadãos indefesos.
"Esta ameaça real da entrada de forças sauditas e outras do Golfo no Barein para confrontar a população barenita indefesa coloca o povo barenita em perigo real e o ameaça com uma guerra não declarada por parte de tropas armadas."
Os relatos vieram depois de a polícia barenita ter entrado em choque no domingo com manifestantes em sua maioria xiitas, em um dos confrontos mais violentos desde que tropas mataram sete manifestantes no mês passado.
Depois de tentar durante várias horas repelir os manifestantes, a polícia recuou, e jovens ergueram barricadas na avenida que conduz ao principal distrito financeiro do país, centro de atividade bancária do Golfo.
As barricadas continuavam presentes na manhã da segunda-feira, e manifestantes paravam os carros na entrada da praça Pérola, ponto central de semanas de protestos. Do outro lado da mesma avenida, policiais montaram uma barreira para impedir que carros se dirigissem do aeroporto em direção ao porto.
A polícia estava ostensivamente presente em algumas áreas, mas não havia evidências de soldados, barenitas ou outros, em Manama.
"Nunca vamos partir. Este é nosso país," disse um manifestante, Abdullah, indagado se as tropas sauditas vão impedir a ação dos manifestantes. "Por que deveríamos ter medo? Não temos medo em nosso próprio país."
Fonte:REUTERS-Reportagem adicional de Ulf Laessing em Riad/Video:G1.com
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