O piloto norte-americano Jan Paul Paladino, que está em Nova York, negou ter ocorrido alguma falha técnica durante o voo do jato Legacy no momento da colisão com o Boeing da Gol, ocorrido em 29 de setembro de 2006 e que vitimou 154 pessoas.
A declaração foi feita durante a videoconferência realizada nesta quarta-feira (30).
Ele respondeu aos questionamentos do juiz federal Murilo Mendes, que está em Brasília.
Esta é a primeira vez que o piloto prestou esclarecimentos à Justiça brasileira e o procedimento já passa de cinco horas.
Durante o depoimento, o piloto entrou em contradição ao negar que tivesse dito que o transponder (equipamento anticolisão) estava desligado no momento do acidente aéreo.
A voz de Paladino aparece na gravação da cabine de pilotagem, que está presente na caixa-preta do jato Legacy.
Ele negou que tivesse ligado o equipamento apenas após o acidente e que já tivesse pilotado um jato Legacy.
Paladino e Joseph Lepore eram pilotos do jato Legacy, que colidiu com o avião da Gol.
Eles são acusados pelo crime de atentado à segurança do tráfego aéreo brasileiro, que tem pena prevista de 1 a 5 anos de prisão. Lepore deve ser ouvido, também por videoconferência, nesta quinta-feira (31).
O crime prescreve em junho deste ano, mas o juiz Murilo Mendes disse, nesta terça-feira (29), que pretende sentenciar o caso ainda em abril.
Ferramenta inédita
O depoimento dos pilotos do Legacy está sendo feito na sede do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional, do Ministério da Justiça.
O departamento foi o órgão do governo brasileiro responsável por fazer a negociação entre a Justiça brasileira e a Justiça norte-americana para que a videoconferência fosse realizada.
É a primeira vez que o governo brasileiro realiza uma cooperação jurídica internacional tendo como finalidade a tomada de um depoimento por videoconferência.
Sensação de impunidade
"Os familiares estão muito emocionados com o dia de hoje. É uma sensação de reta final depois de tanto tempo sem Justiça. Não tem mais o que recorrer, não tem mais testemunhas para serem ouvidas, não tem mais laudos a serem feitos, o que o Cenipa tinha de fazer já fez, enfim, esse é o ponto final dessa história", disse Angelita Rosicler de Marchi, presidente da Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do voo 1907.
Segundo a associação, as primeiras perguntas feitas ao piloto norte-americano trataram da formação dele, como cursos realizados e especializações feitas enquanto profissional de aviação.
Ele teria dito que nunca tinha pilotado o jato Legacy antes do acidente.
"A sensação de impunidade vai acabar. Todos os erros cometidos por ele tornaram o acidente possível. Fatalidade é um raio atingir um avião, o que não é o caso", disse Angelita.
Familiares de vítimas, que acompanhavam a videoconferência, em Brasília, tiveram de sair da sala em virtude de manifestações emocionais. Eles acompanharam o restante da audiência em uma sala com projeção das imagens da videoconferência.
Em alguns momentos, o piloto Paladino disse que não estava entendendo a tradução das questões feitas pelo juiz brasileiro.
Muitos familiares de vítimas decidiram ficar em suas casas e desistiram de acompanhar a videoconferência, em Brasília, ou de participar de outras manifestações em Long Island (Nova York), Porto Alegre, São Paulo e Manaus.
Andamento do processo
Nesta terça-feira (29), o juiz federal ouviu o depoimento dos controladores de voo Jomarcelo Fernandes dos Santos e Lucivaldo Tibúrcio de Alencar, em audiência realizada no auditório do Tribunal Regional Federal (TRF). “Este é o último ato antes da sentença e isso não vai passar o mês de abril."
Fonte:G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por participar e enviar seu comentário
Voar News Agradece pela sua participação