Novos ataques a bombas e mísseis foram realizados nesta quinta-feira perto do complexo petroquímico de Ras Lanuf, na Líbia, e mais ao leste, a Força Aérea líbia bombardeou Brega, que também está sob controle insurgente.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha disse que o conflito no país se tornou uma guerra civil, e que a população civil está sofrendo as consequências do aumento da violência na região.
Falando em Genebra, na Suíça, o presidente da Cruz Vermelha, Jakob Kellenberger, disse que a agência está "preparada para o pior" e criticou ainda o fato de vastas áreas do país permanecerem inacessíveis para as agências humanitárias.
"Meu entendimento é que agora temos um conflito armado não-internacional, ou seja, uma guerra civil", disse Kellenberger.
"Sempre temos de estar preparados para o pior, e nesse caso específico isso quer dizer que temos de nos preparar para uma intensificação dos enfrentamentos."
As forças do coronel Muamar Khadafi continuaram nesta quinta-feira atacando áreas anteriormente tomadas pelos rebeldes.
Benghazi
O repórter da BBC Pascale Harper, que está em Benghazi – a sede dos rebeldes, no leste da Líbia – disse que muitos feridos na frente de batalha perto de Ras Lanuf têm sido levados para a cidade.
O chefe da missão da Cruz Vermelha em Benghazi, Simon Brookes, se disse preocupado com a falta de acesso da organização ao oeste do país, onde várias áreas permanecem sob controle do regime ou são palco de intensos combates.
"Não temos acesso ao oeste, e precisamos ter acesso. Estou falando de Zawiya, de Misrata, de Trípoli. Achamos que há um conflito armado aqui, e é por isso que a Cruz Vermelha precisa ter acesso a ambas as regiões", disse Brookes à BBC.
Em Genebra, Kellenberger disse acreditar que as populações no oeste da Líbia estão sendo ainda mais afetadas pelos enfrentamentos.
Citando fontes confiáveis, o presidente da organização humanitária disse que o uso de aviões no conflito líbio elevou rapidamente o número de vítimas.
Em Misrata, pelo menos 40 pessoas deram entradas em hospitais com ferimentos graves, e outros 22 corpos foram deixados no local, afirmou o presidente da Cruz Vermelha.
Relatos
Testemunhas em Ras Lanuf falam de dezenas de mortos e que forças leais a Khadafi avançam com tanques.
Um repórter da BBC na cidade afirma que o hospital foi evacuado após um bombardeio e que uma mesquita foi atingida em área residencial.
“Khadafi nos ataca com aviões, tanques, foguetes e artilharia pesada. Somos civis desarmados e várias famílias e crianças foram atingidas”, disse uma testemunha à BBC.
O repórter da BBC Pascale Harter, que está na cidade de Benghazi – a principal base dos rebeldes, no leste da Líbia – disse que muitos feridos na frente de batalha na região de Ras Lanuf têm sido levados para a cidade.
Também nesta quinta-feira, Saif Al-Islam, filho de Muamar Khadafi, disse que está sendo preparada uma grande ofensiva contra os opositores do regime.
O analista da BBC Jonathan Marcus afirma que temores de que forças de Khadafi estejam revertendo a vantagem inicial dos rebeldes fizeram aumentar os apelos por uma intervenção internacional.
Nesta quinta-feira, a Otan concordou em ampliar sua presença marítima no Mediterrâneo para enforcar o bloqueio marítimo ao regime de Khadafi.
Guerra civil
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha disse nesta quinta-feira que o conflito na Líbia escalou para uma guerra civil, e que a população civil está sofrendo as consequências do aumento da violência na região.
Mais de mil pessoas teriam morrido desde o início dos confrontos, em fevereiro. Cerca de 212 mil pessoas - a maioria trabalhadores imigrantes - já deixaram o país, segundo estimativas da ONU.
Mais cedo, a França expressou sua desaprovação com a repressão do regime aos civis e reconheceu a liderança rebelde da Líbia - o Conselho Nacional Líbio (CNL) - como governo legítimo do país. Foi o primeiro país a reconhecer o CNL, que reúne vários grupos de oposição ao regime de Muamar Khadafi.
O governo francês informou que enviará em breve um embaixador a Benghazi.
A decisão foi anunciada em Paris pelo gabinete do presidente Nicolas Sarkozy, um dia depois de deputados do Parlamento Europeu terem exortado a União Europeia (UE) a reconhecer os rebeldes.
Fonte:BBC/Videos:G1;BBC Brasil;AlJazeera-Via:Youtube
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