03/01/2009

robôs geólogos da NASA completam cinco anos em Marte

Os dois robôs geólogos da NASA completam hoje cinco anos de trabalho em Marte

Spirit e Opportunity

Faz hoje cinco anos, e não havia unhas para roer que chegassem na NASA. Estava para aterrar o primeiro dos dois robôs geólogos que a agência espacial norte-americana estava a enviar para Marte, o Spirit. Passados 21 dias, devia aterrar o Opportunity. Se algo corresse mal, seria um falhanço duplo.

Não se esperava que os robôs durassem mais que três meses em Marte

Mas não, foi um sucesso retumbante, e os dois robôs já levam cinco anos a funcionar na superfície do planeta vermelho - quando as previsões iniciais apontavam para apenas três meses. "Os gémeos já trabalharam 20 vezes mais. É um lucro extraordinário para o investimento feito, uma boa notícia nestes tempos de orçamentos magros", comentou Ed Weiler, administrador adjunto da NASA para a Ciência, citado num comunicado.
Os olhos da Terra estavam postos em Marte nesse dia 3 de Janeiro de 2004. Sobretudo depois do fiasco na noite de Natal de 2003 da Agência Espacial Europeia: a sonda Beagle, que devia ir procurar sinais de vida em Marte, desapareceu sem nunca mais dar sinal. Um estudo publicado agora, em Dezembro, estima que a sonda europeia deve ter ardido ao entrar na atmosfera marciana, devido a um erro nos cálculos dos cientistas.
Mas o Spirit e o Opportunity fizeram esquecer o falhanço da Beagle. Durante estes cinco anos, fizeram descobertas importantes sobre o passado da água em Marte (em estado líquido) e sobre as condições ambientais que o planeta viveu em tempos passados. Sempre a andar muito devagarinho.
Ao todo, os robôs percorreram mais de 21 quilómetros (qualquer erro pode ser fatal, como uma derrapagem que os faça capotar, por exemplo), recolheram mais de 250 mil imagens e 36 mil gigabytes de dados, subiram a uma colina e desceram para dentro de crateras, lutaram para se libertar de areias, enfrentaram os problemas causados pelo desgaste dos materiais de que são feitos - enfim, são pequenos heróis. E a NASA continua a ter planos para eles: pelo menos quatro novas missões. O Spirit é o que está em piores condições, pois os seus painéis solares não são bem limpos da poeira marciana.

Novos estudos da região polar Sul de Marte indicam a presença extensiva de água gelada. A região polar contém suficiente água para cobrir todo o planeta com uma camada líquida de aproximadamente 11 metros. Um instrumento a bordo da sonda europeia Mars Express providenciou estes dados.

Esta nova estimativa vem da medição da espessura do gelo.

O radar da Mars Express fez mais de 300 cortes virtuais pelas camadas dos depósitos cobrindo o pólo de modo a mapear o gelo. O radar consegue ver pelas camadas de gelo até aos limites mais profundos, que se situam pelos 3.7 km abaixo da superfície.

"Os depósitos sedimentares do pólo Sul de Marte cobrem uma área maior que o Texas. A quantidade de água que contêm já tinha sido estimada antes, mas nunca com um nível tão grande de confiança que este radar torna possível," disse Jeffrey Plaut do JPL da NASA em Pasadena, Califórnia. Plaut é investigador co-principal para o radar e o autor de um novo artigo acerca destes achados publicados na edição online de 15 de Março da revista Science.

O instrumento, de nome MARSIS (Mars Advanced Radar for Subsurface and Ionospheric Sounding), também está a mapear a espessura de depósitos sedimentares semelhantes no pólo Norte de Marte.

"O nosso radar está a fazer o seu trabalho extremamente bem," disse Giovanni Picardir, professor na Universidade de Roma, "La Sapienza," e investigador principal do instrumento.

"O MARSIS está a provar ser uma ferramenta muito poderosa para sondar o interior de Marte, e está mostrando como os objectivos da nossa equipa, tais como o estudo dos depósitos sedimentares polares, estão sendo atingidos com êxito," disse Picardi. "Não apenas nos está a providenciar com as primeiras observações de Marte subsuperficial àquelas profundezas, como também os detalhes que estamos vendo são verdadeiramente espectaculares. Esperamos ainda maiores resultados quando tivermos concluído um sofisticado aperfeiçoamento em curso dos nossos métodos de processamento dos dados. Estes permitir-nos-ão compreender ainda melhor a superfície e a composição da subsuperfície."

Os depósitos sedimentares polares contêm a maioria da água conhecida do moderno Marte, embora outras áreas do planeta pareçam ter sido cobertas por água algumas vezes no passado. Compreender a história e o destino da água em Marte é essencial para saber se Marte alguma vez foi capaz de suportar vida, dado que todas as formas de vida que conhecemos dependem de água líquida.

Os depósitos sedimentares polares extendem-se para lá e por baixo de uma calote polar branca de dióxido de carbono gelado e água no pólo Sul de Marte. A poeira escurece muitas das camadas. No entanto, a força do eco que o radar recebe da superfície rochosa por baixo dos depósitos sedimentares sugere que a composição dos mesmos é pelo menos 90% água gelada. Uma área com uma reflexão especialmente brilhante da base dos depósitos confunde os cientistas. Parece-se com o que uma fina camada de água líquida pareceria ao instrumento de radar, mas as condições são tão frias que a presença de água de água líquida é muito improvável.

A detecção da forma da superfície rochosa por baixo dos depósitos de gelo dá-nos informações acerca de estruturas ainda mais profundas de Marte. "Não sabíamos com certeza onde estava o limite dos depósitos," disse Plaut. "Agora podemos ver que a crosta não foi pressionada para baixo devido ao peso do gelo, tal como seria na Terra. A crosta e o manto superior de Marte são mais rígidos que os da Terra, provavelmente porque o interior de Marte é muito mais frio."







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