21/07/2009

Familiares de vítimas do AF 447 vão processar Airbus

Familiares de vítimas do AF 447 vão processar Airbus nos EUA

Prosseguem as buscas pelo Airbus A330

Ainda que as causas do acidente com o A330 da Air France jamais venham ser realmente conhecidas, para as famílias das vítimas os caminhos para minorar a dor das perdas que sofreram estão abertos. Isso porque para o direito, em qualquer país, não há distinção sobre o motivo do desastre quando o que conta realmente é a morte de quem era transportado.

Um dos maiores estrategistas do mundo nesse tipo de processo judicial esteve nessa segunda-feira no Rio de Janeiro para discutir com parentes de vítimas do voo AF 447 e deixou claro esse recado: não importam as causas, o fabricante tem o ônus.

O mexicano George Hatcher integra a equipe de um escritório de advocacia (Masry & Vittoe), cuja expertise mundial é a de arrancar de empresas de transporte somas altíssimas, a maioria das vezes, em acordos judiciais, como indenização por danos morais.

Hatcher costuma fazer extensas investigações particulares antes de se decidir por recomendar que o escritório atue nesse ou naquele incidente.

No caso do desastre do Atlântico, cujo montante de pagamentos pode alcançar o valor recorde de US$ 700 milhões de dólares, o veredito já foi dado.

"Vamos processar a Airbus.Tenho uma lista de 700 pilotos com os quais costumo discutir. Dois deles são comandantes da ativa do A330 e, embora não se conheçam, disseram a mesma coisa: foram os computadores defeituosos os responsáveis pela perda da aeronave.

O Airbus, na avaliação deles, é um projeto defeituoso", definiu o consultor, cuja atuação junto às famílias de vítimas do acidente com o Airbus da TAM em Congonhas o levou a um processo em fase adiantada em uma corte da Flórida, nos EUA.

São 77 famílias representadas pelo escritório e uma vitória já alcançada, que foi o acordo com a companhia aérea.

O que define o caso é o fato de que algo falhou e que o passageiro nada podia fazer para alterar esse quadro.

As companhias tem noção disso e tentam jogar com o tempo e com a possibilidade do menor dispêndio de dinheiro possível. A escolha dos tribunais americanos, especialmente na Flórida, segue a lógica da possibilidade de sucesso.

O consultor garante que lá, em casos como o do AF 447 ou do A320 da TAM, decisões são mais céleres e rígidas.

A idéia de ingressar com uma ação na França não está descartada, mas os EUA seguem como a 1ª opção. A justiça brasileira é séria, na avaliação do especialista, mas demorada. A remuneração do escritório segue as mesmas regras das demandas trabalhistas, com o cliente arcando com custos após a sentença. Os advogados ficam com 30%.

"As cortes da Flórida são rigorosas, tem uma simpatia pelo drama das famílias e não perdem tempo. Os acordos nos EUA são os mais altos no por isso. No caso do acidente de Congonhas são processos que somam US$ 100 millhões e a audiência na corte já está marcada, para março de 2010.

Fizemos um acordo parcial com a TAM, mas há outros réus, como a BFGoodrich, responsável pelos freios, e a Pratt&Whitney, fabricante das turbinas, uma das quais estava com o reverso quebrado", disse.

A ação relativa ao caso da Air France deve ser aberta também na Flórida, onde há um centro de treinamento do consórcio europeu e um escritório comercial.

"Incluiremos também a Honeywell, que fabricou os computadores e os produtore dos softwares. Desde 2001 há alertas sobre essa questão nos aviões e nada mudou. Foram feitos 5,2 mil jatos pela Airbus até hoje e eles já tiraram 2,6 mil vidas, 600 em três desastres", acrescenta.

O mais complicado é calcular o valor de cada indenização, valor que leva em conta fatores, como idade, expectativa de vida ativa, etc. "Para a Justiça americana, não há limite para esse valor", completa Hatcher, que conhece todos os representantes nos 77 processos relativos à TAM. "Conversei muito com todos eles esse tempo", disse.

Fonte: JB Online/Pelo Portal Terra


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