Empresas de menor porte veem chance de crescimento, e as grandes, alternativa de capitalização
A possibilidade de aumento do limite de participação do capital estrangeiro nas aéreas brasileiras é vista por empresas de menor porte como uma oportunidade de acelerar crescimento e, para as grandes, uma boa alternativa de capitalização.
Webjet e Azul — que estão na faixa intermediária do mercado aéreo nacional, com 4% e 2,8%, respectivamente, do fluxo de passageiros no primeiro semestre — encaram a medida como uma porta de entrada para novos investidores, inclusive para empresas de aviação que atuam no Exterior, há tempos atentas ao potencial do Brasil. Já Gol e TAM veem a medida como mais uma possibilidade de atrair novos investidores.
O Conselho Nacional de Aviação Civil (Conac) aprovou no começo de julho texto de projeto de lei que altera o Código Brasileiro de Aeronáutica para elevar a participação de capital estrangeiro nas empresas aéreas de 20% para 49%.
O projeto foi encaminhado à Casa Civil da Presidência da República, de onde sai para o Congresso Nacional, onde já tramitam propostas sobre a ampliação do capital estrangeiro nas aéreas.
Na avaliação do presidente da Webjet, Wagner Ferreira, a mudança na lei será importante para atrair investidores estratégicos, como aéreas internacionais.
Ele acredita que a Webjet se apresenta como uma boa alternativa para os investidores, pois ainda não tem participação estrangeira em seu capital, está na terceira colocação no tráfego de passageiros no mercado doméstico (4% no primeiro semestre) e pertence a um grande grupo de turismo, a CVC.
Para Guilherme Paulus, fundador da operadora CVC e presidente do Conselho de Administração do grupo, a medida (de elevar a participação do investidor estrangeiro) “é extraordinária para incrementar as empresas com novas tecnologias”.
De acordo com o presidente da Webjet, nos últimos seis meses a empresa foi sondada, informalmente, por três investidores. “É natural que isso ocorra: pelo trabalho que estamos desenvolvendo e também pelas perspectivas com a mudança da lei, pois hoje apenas 6% da população tem acesso ao transporte aéreo”, afirmou o executivo à Agência Estado.
Ainda não há nenhuma proposta concreta, mas a Webjet diz estar disposta a analisar todas as oportunidades de mercado. “Se a proposta for algo que vai ao encontro de nossa estratégia, de crescer de forma sustentada, por que não avaliar?, destacou.
A segunda alternativa de capitalização, segundo ele, deve acontecer mais para frente, entre 2011 e 2012, quando o tamanho da Webjet justificar o lançamento de ações no mercado primário.
Na Azul Linhas Aéreas, o aumento da fatia de estrangeiros nas aéreas nacionais “é importante porque sinaliza a estes investidores que eles são bem-vindos”, avalia o diretor de Assuntos Institucionais da empresa, Adalberto Febeliano.
A Azul tem em seu capital fundos internacionais. Seu fundador é o empresário David Neeleman, que apesar de ser filho de norte-americanos, nasceu em solo brasileiro.
No mundo corporativo, ele se notabilizou pela criação da JetBlue nos Estados Unidos. Questionado se os estrangeiros que participam do capital da Azul já declararam interesse em aumentar a fatia, Felebiano disse que, até o momento, não houve nenhuma manifestação neste sentido, embora os acionistas tenham declarado interesse em elevar o volume de investimentos caso haja necessidade.
Apesar de acreditar no interesse de estrangeiros no mercado de aviação brasileiro, Febeliano descarta uma “corrida” com a maior abertura a estes investidores. “Não diria que vai ter uma corrida, mas dois ou três grupos estrangeiros devem olhar com mais caminho para o mercado brasileiro.”
No caso da Trip Linhas Aéreas, seu presidente José Mário Caprioli já manifestou simpatia ao projeto de lei que amplia a participação de estrangeiros nas companhias aéreas brasileiras.
Segundo ele, a medida seria benéfica porque aumentaria a presença de novos investidores sem tirar o controle de mãos brasileiras. A Trip tem em seu quadro de acionistas a norte-americana Skywest, a maior companhia de aviação regional do mundo.
Líderes
As duas maiores companhias de aviação do Brasil também são favoráveis à maior abertura do mercado para o capital externo.
Recentemente, o presidente da Gol Linhas Aéreas, Constantino de Oliveira Junior, disse que a medida é positiva por “abrir mais possibilidades de captação de recursos” para uma indústria que precisa fazer “investimentos expressivos”.
O executivo observou que hoje “não existe nenhuma análise, estudo ou conversa” com algum investidor internacional em curso, mas que a medida, se aprovada pelo governo, “abre essa flexibilização, e isso é positivo”.
A TAM, líder no fluxo de passageiros transportados no mercado doméstico, é a favor da medida por acreditar “que novos investimentos contribuem para o desenvolvimento do País”.
A TAM também expressou que “tem conversado com as autoridades governamentais para reduzir as disparidades de condições impostas às empresas aéreas nacionais perante as congêneres estrangeiras, principalmente no que diz respeito à carga tributária.”
A FRASE
“É importante notar que qualquer mudança, seja entrada de eventuais parceiros ou até abertura de capital, não ocorrerá em menos de oito meses”
Fonte:SNEA/via Correio Popular (Campinas, SP)
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