Acidente aéreo no Paquistão desperta questões sobre segurança em aviação local
Enquanto país faz luto por 152 mortos, surgem dúvidas em relação a supostas práticas ruins na manutenção de aeronaves.
A queda do Airbus que matou 152 pessoas em Islamabad, no Paquistão, despertou dúvidas quanto à indústria local de aviação.
Críticos dizem que uma proliferação no número de companhias e rotas aéreas nos últimos anos não foi acompanhada por padrões mais rigorosos de segurança e de aviação.
Em particular, alguns questionaram as práticas da empresa privada envolvida no acidente da quarta-feira, a Airblue, que tem um bom histórico de segurança.
O governo do Paquistão decretou um dia nacional de luto após o acidente, em que um avião Airbus A321 vindo da cidade de Karachi caiu ao se chocar contra as colinas Margalla, no norte da capital, Islamabad.
Segundo testemunhas, a aeronave voava a baixíssima altitude.
Não há explicações oficiais sobre a causa do acidente, que aconteceu durante a estação das monções, com chuva forte e pouca visibilidade.
Manutenção
Um funcionário da agência de aviação civil do Paquistão (CAA, na sigla em inglês) disse à BBC que, em 2008, um dos aviões da Airblue foi retido em Manchester, na Grã-Bretanha, após um inspetor ter notado que um problema grave identificado na aeronave meses antes ainda não havia sido resolvido.
O diretor de marketing da Airblue, Raheel Ahmed, negou a afirmação e disse que todas as aeronaves da companhia foram inspecionadas e declaradas seguras para voar pelas autoridades responsáveis.
"Estou trabalhando com a Airblue há cinco anos e não tenho lembrança de nenhum incidente deste tipo", disse Ahmed. "E quero acrescentar que a companhia tem as aeronaves mais modernas do Paquistão".
Não há relatos de problemas anteriores, técnicos ou de manutenção, em conexão com o avião que caiu.
O diretor da agência paquistanesa de aviação civil, Junaid Amin, disse que a entidade não permite que aeronaves decolem necessitando de manutenção.
"Seguimos os mesmos padrões internacionais praticados em todo mundo", disse Amin.
Ex-pilotos e críticos da indústria, no entanto, dizem que a CAA nem sempre segue esses padrões.
Falando à BBC, um piloto experiente da companhia nacional de aviação do país, a Pakistani International Airlines (PIA), disse que houve vários incidentes em que a CAA seria culpada por dificuldades técnicas apresentadas por aeronaves.
"Por exemplo, o acidente de 2006 foi resultado de excesso de peso na aeronave. Isso estava claro no momento em que ela recebeu permissão de voar - pela CAA", disse o piloto.
O principal diretor da PIA e membro do conselho da CAA, Aijaz Haroon, nega a afirmação, dizendo que o acidente de 2006 foi provocado por erro do piloto.
Mas a própria PIA, dirigida por Haroon, esteve envolvida em vários problemas operacionais. Em 2007, seus voos chegaram a ser proibidos pela União Europeia por problemas de segurança.
Pilotos
A segurança dos aviões não é a única questão.
A condição física dos pilotos também tem sido motivo de preocupação.
"Hoje, pilotos são obrigados a voar muito mais horas do que o que é considerado viável", disse AM Rabbani, secretário-geral da associação de pilotos do Paquistão - Pakistan Association of Airline Pilots (Palpa).
"Isso ocorre principalmente por causa de novos regulamentos implementados pela CAA", disse Rabbani.
Existe, no entanto, um histórico longo de desavenças entre a PIA, CAA e Palpa por questões trabalhistas.
E para acrescentar, especialistas da indústria dizem que os protocolos de controle de tráfego aéreo e instrumentos de navegação do aeroporto de Islamabad deixam muito a desejar.
"Por que o avião estava circulando a uma altitude de 487 metros quando o mínimo para Islamabad é 900 metros?", perguntou um especialista em aviação local à BBC.
Até o momento, não há respostas para essa pergunta.
E não se sabe qual dos fatores acima poderia ajudar a explicar o trágico acidente.
Fonte:G1.com
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