Vencedor tem 3 anos a partir da assinatura do contrato para concluir a obra.
4 consórcios participaram do leilão, realizado nesta 2ª na BM&FBovespa.
O Consórcio Inframérica, formado pelo grupo Engevix e pelo argentino Corporación America, apresentou proposta de R$ 170 milhões e venceu nesta segunda-feira (22), em disputa acirrada, o leilão que concedeu ao grupo o direito de construir, manter e explorar o aeroporto de São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte.
O consórcio foi representado no leilão pela corretora BES Securities.
A proposta do consórcio Inframérica teve ágio de 228,82% sobre o valor mínimo estipulado pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e superou a do principal concorrente, Consórcio Aeroportos do Brasil, que fechou o leilão com oferta de R$ 166 milhões (ágio de 221%) pelo direito de realizar a obra.
No total, quatro consórcios participaram do leilão, realizado na BM&FBovespa, em São Paulo.
Segundo José Antunes Sobrinho, do grupo Engevix, o Corporacíon América, seu sócio no consórcio vencedor do leilão, opera 46 aeroportos no mundo. De acordo com a assessoria de imprensa na ANAC, a empresa opera também todos os aeroportos concedidos ao setor privado na Argentina.
A previsão é que o investimento necessário na construção e realização de São Gonçalo do Amarante seja de R$ 650 milhões.
De acordo com a ANAC, São Gonçalo do Amarante é o primeiro de uma série de aeroportos a serem inteiramente concedidos ao setor privado no atual modelo de concessão praticado pelo governo, que busca preparar a estrutura aeroportuária para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 no Brasil.
Copa de 2014
O projeto do aeroporto de São Gonçalo de Amarante está previsto há mais de 14 anos, mas ganhou fôlego com as obras da Copa de 2014.
Segundo a ANAC, o vencedor tem prazo de três anos a partir da assinatura do contrato para concluir a obra. Como a assinatura está prevista para novembro desse ano, o prazo termina após a Copa de 2014.
A expectativa da ANAC, no entanto, é que o consórcio vencedor consiga antecipar as obras para atender ao evento.
José Antunes Sobrinho, do Engevix, não deu garantias de que isso acontecerá, mas afirmou que a intenção da empresa é tocar as obras no ritmo mais rápido possível. “Vamos tentar fazer o mais rápido possível porque é nosso interesse ter o aeroporto operacional no momento que ele vai ter pico de tráfego, que é exatamente na Copa do Mundo. No planejamento nosso, a tentativa nossa vai ser forte nessa direção; é o interesse do consórcio”.
O executivo também assegurou que, apesar do forte ágio pago no leilão em relação ao preço mínimo (228%), o aeroporto de São Gonçalo do Amarante é um negócio rentável para o grupo. “Estamos absolutamente confortáveis com o ágio que estamos pagando hoje. Não temos nenhuma disposição para jogar dinheiro fora”, disse Antunes Sobrinho.
De olho no prazo
A governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini, cobrou dos vencedores que as obras sejam concluídas e o aeroporto esteja pronto até o início da Copa, já que Natal será uma das cidades-sede do evento.
“Eu já fiz aqui o primeiro pedido ao consórcio: de que tem que estar pronto até a Copa”, disse, na entrevista coletiva concedida após o anúncio do resultado do leilão. "Acredito que os vencedores não vão perder a oportunidade de deixar o terminal pronto para o evento", afirmou, referindo-se à alta movimentação de passageiros.
Em contrapartida, a governadora disse que atuará para qualificar mão de obra para o setor aeroportuário, que disse que já tem autorizadas as obras de duas escolas de ensino médio voltadas para o setor, uma em São Gonçalo do Amarante e outra na vizinha Macaíba.
A previsão é que o estado receba cerca de R$ 35 bilhões em investimentos nos próximos quatro anos.
O grupo Engevix controla quatro empresas: a Engevix Engenharia,a Desenvix Energias renováveis S.A., a Infravix Empreendimentos S.A. e a Ecovix/Engevix Construções Oceânicas S.A.
O prazo para exploração do aeroporto pelo consórcio vencedor é de 25 anos, e o contrato poderá ser renovado por, no máximo, mais cinco anos, quando o aeroporto retornará ao poder público.
A previsão é que o aeroporto tenha movimento de 3 milhões de passageiros em 2014; 4,7 milhões em 2020; e 7,9 milhões em 2030.
Como funcionou o leilão
O leilão, que começou às 10h02, durou cerca de uma hora e foi dividido em duas partes: uma de leitura das propostas entregues em envelopes por cada um dos grupos, e outra de disputa em lances no leilão em viva-voz. Na etapa do viva-voz foram 88 lances, de acordo com a BM&FBovespa.
Na primeira fase, os quatro grupos aprentaram suas propostas por escrito: ATP-Contratec (R$ 62,04 milhões), Aeroleste Potiguar (R$ 51,7 milhões) e Aeroportos Brasil (proposta inicial de R$ 75 milhões). O consórcio Inframérica, que venceu o leilão, se destacou nessa fase, ao apresentar proposta de R$ 132 milhões.
Na fase de viva-voz, da qual podiam participar as três melhores propostas na fase escrita, participou, além do Inframérica, o consórcio Aeroportos Brasil, com proposta final de R$ 166 milhões.
Na opinião do ministro da Secretaria de Aviação Civil, Wagner Bittencourt, o leilão demonstrou “a disposição e a confiança que o setor privado tem nos aeroportos brasileiros".
Fonte:G1.com-por:Ligia Guimarães Do G1, em São Paulo
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