Lembrou 0 que dizem as maes - creio que todas - quando recomendam aos filhos: "Evitem as mas companhias, quer dizer ...as aereas!".
O quadro dos cassetas mostrava a frustrada tentativa dos clientes de embarcar na Tabajara Airlines, figurativa de algo que nao apenas fun cion a mal, mas tambem teima em nao buscar
soluyao para 0 problema aflitivo de quem quer viajar.
Ja e hora de começar a lidar melhor com esse trauma e elaborar algumas causas do caos instalado, que .
Mais uma vez ameaça ,talvez com contornos sinistros.
Tomara que nao. Que sejam s6 embaraços e desconfortos.
O fato é que 0 setor aéreo tupiniquim tem andado no fio da navalha desde 0 episódio da eliminação da Varig, em 2006.
Antes disso, e bem verdade, já nao andava bem.
Mas 0 equívoco da sentença de morte contra a maior empresa brasileira do setor deixou um buraco na aviação comercial brasileira que as autoridades ainda não conseguiram superar.
Como qualquer serviço publico essencial e regulado, aVarig não poderia jamais ter sido desbancada e substituida do jeito atabalhoado que 0 foi pela Agencia Nacional de Aviação Civil (ANAC) e pelo Judiciario. Lembrando: algumas revistas e alguns jornais, na ocasião, repetiam um refrão a favor do "livre mercado", concluindo que a Varig deveria ter fim por ser sinônimo de ineficiência e bancarrota, pela baderna administrativa e por suas tripulações estufadas para a quantidade de aeronaves em sua frota.
Tambem diziam que a Varig devia os tubos aos credores, sem apontar que ela tambem era (e ainda é) credora do governo.
E que era uma oligopolista agindo como se fosse uma estatal. Etc. Etc. ...
Fatos: quatro anos se passaram, e 0 domínio do mercado por duas aéreas só mudou de maos.
A qualidade do serviço não melhorou um milímetro sequer; perderam-se, porém, algumas referências do modo Varig de voar. Alem disso, desfez-se 0 mito do excesso de pessoal, que seria 0 pior defeito da companhia mais querida do Brasil, pois a relação piloto-aeronave não avançou no padrão da propalada eficiência.
Nota:os voos intercontinentais foram para a concorrência externa.
E voce sabia que 600 dos mais competentes pilotos da antiga Varig foram buscar emprego em Londres, Dubai, Hong Kong, Xangai, Mumbai e Lisboa? Sim, "exportamos" os mais experientes pilotos para 0 exterior.
0 que acharíamos de perder para 0 resto do mundo nossos 600 melhores médicos ou engenheiros? Tragedia.
Foi o que aconteceu nas barbas das autoridades.
Se 0 capital humano de uma empresa ou coletividade se vai, o que ocorre em seguida com a qualidade e confiabilidade do serviço?Isso todo mundo sabe responder.
Mas tramita um projeto de lei na Câmara que tenta alterar 0 Artigo 158 do Código da Aeronautica, a fim de permitir que se importem pilotos estrangeiros em grandes quantidades para voar em solo brasileiro.
Sabíamos educar e treinar brasileiros. Hoje, 0 mote é 0 corte de custos em pleno voo para, supostamente, melhorar 0 padrão financeiro das empresas aereas. Sera? A Varig quebrou devendo metade de seu passivo aos próprios trabalhadores, que aprovaram um Plano de Recuperação Judicial para injetar de volta na empresa parte desse crédito como risco.
E quem depende do fundo de pensão da Varig passa até fome. É patente a responsabilidade das autoridades nesse processo, que ainda nos fara morrer de vergonha quando chegarem a Copa e a Olimpíada.
Se as atuais companhias São um time que joga mal, pior e o técnico, no caso a ANAC.
Abrindo 0 site da agência, vemos estatísticas estagnadas em 2008.
A ineficiência administrativa, e, no caso da Varig, também a judiciária, não tem paralelo na história da aviação brasileira.
A conclusao é paradoxal: nosso sofrido viajante reclama de mofar nas filas dos aeroportos, mas, possivelmente, está mais seguro lá do que voando como sardinha em lata.
2o.)- O Brasil é signatário da ICAO (Organização Internacional de Aviação Civil, na sigla em inglês) e se pauta por suas regras. Nunca - pelas regras atuais do CBA e dos RBHA's - V.Sa. iria voar com um comandante "recém saído do aeroclube".
Nem mesmo o copiloto (que tripula as aeronaves onde V.Sa. viaja como passageiro) poderia ser "recém saído do aeroclube", simplesmente por que os requisitos mínimos são infinitamente maiores do que possui de qualificação e experiência um detentor da "licença de piloto privado" (popularmente conhecida como "brevê").
Essa assertiva revela total desconhecimento da legislação em vigor e da mecânica de formação de aeronautas e aeroviários (recomendo, a esse respeito, a leitura das publicações oficiais contidas no site da ANAC - www.anac.gov. br - e de acesso gratuito ao público, principalmente o RBHA 61, que trata da qualificação de pessoal).
Posso também dizer-lhe - como aviador profissional - que "o buraco é muito mais em baixo".
Ou seja, evite-se, por favor, o "emprenhamento pelos olhos e ouvidos", que certos veículos de mídia tentam infligir ao público leigo;Se a aviação do país "travar", não será por falta de aeronautas brasileiros.
Terá travado, sim, pela inépcia do Poder Público em atacar as causas e não os efeitos dos problemas que nos afetam, por décadas a fio. "Abrir a cabeça e enxergar mais longe".
Ao contrário do que possa parecer, nós - aeronautas e aeroviários brasileiros - não temos "emprego à vontade lá fora", não!!! Temos emprego em alguns países (não nos melhores), e mesmo assim só em casos extremos, quando precisam muito e não têm de onde tirar, principalmente onde a formação ou não existe, ou é extremamente deficiente.
Não pensem que temos emprego à vontade nos EUA sem um bom "green card" e a licença do FAA, ou na União Européia, sem possuir passaporte europeu e a licença do JAA (JAR FCL). Nem pensar!!!!!
EM LUGAR ALGUM DO PLANETA nós - aeronautas e/ou aeroviários brasileiros - temos hoje o benefício de contratos de longa duração de até 05 anos.
O máximo - pelo que se sabe - é Hong Kong, onde dão até 03 anos, e mesmo assim sob denso escrutínio.
Macau costumava dar 04 anos e recentemente diminuiu para 02. China ídem.
Aqui no Brasil - historicamente, desde que o Presidente Getúlio Vargas e o jornalista Assis Chateaubriand promoveram a histórica "Campanha Nacional de Aviação" (1941; vide http://www.pabloaer obrasil.net/ albuns/pages/ CONDOR_4. htm), batizando e distribuindo aeronaves de treinamento básico, fazendo proliferar aeroclubes até mesmo pelos mais longínquos rincões do país -, temos uma estrutura de aviação geral que é a 2a. maior do Mundo, atrás apenas dos Estados Unidos da América.
Só que o Estado Brasileiro - ao ser negligente e complacente com relação a um sem-número de condições desfavoráveis ao desenvolvimento desta estrutura - permitiu que a mesma se deteriorasse, além do limite da razão.
A solução - ao contrário do que certos pretensos "liberais" possam trombetear por aí - não passa por inflação deliberada do mercado com estrangeiros e/ou fomento do arrocho salarial e de condições de trabalho. A solução - empurrada com a barriga ao longo de décadas por sucessivos governos - passa por encarar o problema de frente, atacando as causas e não o efeito, ou seja, resolvendo de uma vez por todas o "gargalo" que é o treinamento básico e intermediário.
"Liberar o mercado", da maneira como está proposto pelos parlamentares - com a concessão indiscriminada de vistos de trabalho e de convalidação de licenças, e de contratos de até 05 anos sem reciprocidade alguma - equivale a "incendiar o apartamento para matar as baratas", isso quando não esconde intenções nada nobres.
Uma delas provém da pressão, por parte de uma notória companhia petrolífera estrangeira (sócia da Petrobrás no Pré-Sal), que tenciona "importar" pilotos de helicópteros por salários mais baixos e sem benefícios sociais/laborais, o que em nada melhoraria a condição de segurança operacional. Acredite, pois pode-se recrutar gente nessas condições no estrangeiro, e a qualidade do profissional que se apresenta alí - no mais das vezes - não é nada boa.
A iniciativa desses parlamentares - em sua Santa Ignorância, Cinismo e Oportunismo - quer fazer crer que, ao inundar nosso mercado de trabalho com gente de fora, aumentariam a possibilidade, por parte de certos empregadores (provavelmente os mesmos que ora patrocinam a "original e moderna iniciativa") de obter "profissionais qualificados e experientes" por salários menores e/ou menos benefícios, destarte causando uma "flexibilização das regras trabalhistas" na marra.
Quanta ilusão e quanto desconhecimento das particularidades do mercado de trabalho aéreo / aeroviário!!! É espantoso, para dizer-se o mínimo.
Não sabem que - neste mercado - vale a máxima segundo a qual "One pays peanuts, One gets monkeys".
Piloto de linha aérea não é quebrador de pedra ou embalador de supermercado (que me perdoem os que exercem tais atividades, dignas e honestas, mas os critérios são bem outros!!!). Ídem para a linha aérea, Meus Senhores: se autorizarem da maneira que está proposta, sem acordos de reciprocidade e nem salvaguardas específicas para os processos de convalidação e garantias laborais, não espere que europeus, americanos, canadenses, australianos ou neozelandeses queiram vir trabalhar aqui...muito pelo contrário.
O atual patamar de salários & benefícios de 99% das empresas brasileiras não atrairia profissional algum do chamado 1º Mundo.
Só para dar uma idéia, certas empresas brasileiras de transporte aéreo regular não oferecem nem convênio médico a seus funcionários, que dirá outros benefícios.
Em contrapartida - e só para citar um exemplo -, empresas como Qatar Airways, Emirates e/ou Singapore Airlines custeiam até mesmo os estudos dos funcionários e de seus dependentes (até 03 dependentes por funcionário), aí incluído o ensino superior nas melhores universidades do planeta, e até a idade de 21 anos!!! Quem V.Sa. acha que "succiona", hoje, os melhores profissionais para seus quadros? Para onde iriam V.Sas., se fosse aeronauta e dispusesse dos atributos requeridos? Para o Golfo Pérsico / Ásia, ou aqui para nosso varonil país? A vingar o disparate, quem se apresentará aqui serão justamente os "enjeitados" (ex.: gente do "5o. Mundo" que - por ser oriunda de países da "Lista Negra do Terrorismo" da Coalisão, são incapazes de obter vistos para a Zona da C.E., América do Norte etc.), o lixo que o resto do planeta sempre rejeitou, por razões várias.
Étnicas, políticas, culturais, mas também - e é só o que nos importa - pelo baixo nível técnico e doutrinário, que é o que mais derruba aviões, desde que a Aviação existe.
A esse respeito, recomendo a leitura de estatísticas idôneas (e não as da imprensa amestrada brasileira), como http://flightsafety .org/.
Aí sim, Cavalheiro, V.Sa. terá todas as razões para não permitir que a Sra. Sua Mãe viaje mais de avião.
Também farei eu o mesmo, em relação à minha, se essa patifaria parlamentar acabar se criando.
Pedimos respeito pela segurança operacional. Em outras palavras: respeito pela vida, em 1o. lugar.
Fonte:Revista Época/Comentario pelo Cmt Fábio Otero Gonçalves
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