Líder do Irã critica países nucleares e delegados deixam plateia na ONU
Delegados presentes à conferência de revisão do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), em Nova York, abandonaram nesta segunda-feira o local onde o presidente do Irã fazia um discurso em que acusava Estados nucleares de ameaçarem aqueles que não têm esse tipo de arsenal.
O líder iraniano Mahmoud Ahmadinejad também pediu que "qualquer ameaça de uso de armas nucleares ou ataque contra instalações nucleares pacíficas seja considerada uma violação da paz e da segurança internacionais" e condenada pela ONU.
Os delegados dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha e da França abandonaram o recinto, reagindo às críticas às potências nucleares.
As declarações do líder iraniano foram interpretadas como uma referência à nova estratégia de defesa anunciada no mês passado pelos Estados Unidos, que restringe o uso do arsenal nuclear americano, mas diz que as determinações não se aplicam a países que "violem as regras", como o Irã e a Coreia do Norte.
Ahmadinejad disse ainda que os Estados Unidos deveriam ser suspensos da diretoria da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU) por conta de suas ameaças de usar armas nucleares.
"Como podem os Estados Unidos serem membros da diretoria quando usaram armas nucleares contra o Japão?", questionou.
Pressão
Segundo alguns analistas, a presença de Ahmadinejad em Nova York, decidida na última hora, e a questão nuclear iraniana ameaçam ofuscar as discussões mais amplas do encontro, que reúne delegados de 189 países.
Os Estados Unidos lideram as pressões por novas sanções do Conselho de Segurança da ONU contra o Irã.
O objetivo é fazer com que o Irã interrompa seu programa de enriquecimento de urânio, por temor de que o país planeje secretamente construir armas nucleares.
O Conselho de Segurança da ONU já aprovou três resoluções anteriores contra o Irã, mas o governo iraniano tem resistido às pressões e segue com seu programa nuclear.
Teerã rejeita as alegações de que planeje construir armas e diz que o programa é pacífico, com o objetivo de gerar energia.
Antes do discurso de Ahmadinejad, o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon, já havia pedido que o Irã "cumpra inteiramente" as resoluções do Conselho de Segurança a respeito de seu programa nuclear.
Brasil
O TNP foi criado em 1968, no auge da Guerra Fria, e tem o objetivo de promover a erradicação das armas nucleares e o uso pacífico da energia nuclear.
A cada cinco anos, é realizada uma conferência de revisão do tratado.
O programa nuclear do Brasil também deverá ser debatido no encontro em Nova York, em um momento em que o país sofre pressões para assinar o protocolo adicional do TNP.
Apesar de ser signatário do TNP, o Brasil não assinou o protocolo adicional, que permite maior acesso da AIEA às instalações nucleares do país.
O ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, está em Nova York.
Nesta segunda-feira, Amorim deverá manter um encontro bilateral com a secretária de Estado americana, Hillary Clinton.
Ban Ki-moon, pediu que Irã cumpra resoluções sobre programa nuclear
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu nesta segunda-feira que o Irã "cumpra inteiramente" as resoluções das Nações Unidas a respeito de seu programa nuclear.
Em seu discurso na abertura da conferência de revisão do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), Ban pediu que o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, atue de maneira “construtiva” e coopere com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
"O ônus é do Irã em esclarecer as dúvidas e preocupações a respeito de seu programa", disse o secretário, diante de delegados de 189 países, entre eles, Ahmadinejad.
A presença de Ahmadinejad em Nova York, anunciada na última hora, e a questão nuclear iraniana devem dominar as discussões na reunião de revisão do TNP, que ocorre a cada cinco anos.
Brasil
O secretário da ONU pediu aos países que já têm armas atômicas que reafirmem durante a conferência seus compromissos com o desarmamento nuclear.
Segundo ele, não fazer isso durante o encontro, que reúne representantes de todos os países signatários do TNP, “seria um passo para trás”.
O programa nuclear do Brasil também deverá ser debatido na conferência, em um momento em que o país sofre pressões para assinar o protocolo adicional do TNP.
Apesar de ser signatário do TNP, o Brasil não assinou esse protocolo, que permite maior acesso da AIEA às instalações nucleares do país.
O ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, está em Nova York e nesta segunda-feira deverá manter um encontro bilateral com a secretária de Estado americana, Hillary Clinton.
Resoluções
O Conselho de Segurança da ONU já aprovou três resoluções contra o Irã para pressionar o país a interromper seu programa de enriquecimento de urânio.
Os Estados Unidos e outros países esperam que o Conselho de Segurança da ONU aprove uma quarta rodada de sanções, por temor de que o Irã planeje secretamente construir armas nucleares.
O governo iraniano tem resistido às pressões e segue com seu programa nuclear.
Teerã rejeita as alegações de que planeje construir armas de diz que o programa é pacífico, com o objetivo de gerar energia.
Fontes & Fotos:BBc Brasil-Por:Alessandra Corrêa-Da BBC Brasil em Washington
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