Uma empresa de aviação que deixou de voar há mais de seis anos terá objetos leiloados para saldar dívidas trabalhistas. Muito desse material se encontra até hoje nos escritórios da Vasp - onde esteve o repórter Fábio Turci.
É como se o pessoal fosse voltar a qualquer momento. As mesas ainda têm recados. Moedinhas. Papéis. O copo sujo do último cafezinho.
Mas o lugar parou no tempo, como mostram os calendários de setembro de 2008. Os enfeites eram pro Natal daquele ano.
“É muito triste. Dá uma dor no coração que você nem acredita. Eu vejo assim, dá vontade de chorar”, lamenta Josafá Eurico Cândido, encarregado de manutenção.
Tudo continua do jeito que estava quando a Justiça decretou a falência da Vasp, em setembro de 2008. A dívida que a empresa deixou é de uns R$ 5 bilhões. E, pra pagar tudo isso, é preciso vender o patrimônio que sobrou - até o que parece não ter valor nenhum.
A justiça já leiloou carros, mas a maioria deles ninguém quis comprar. Dos aviões, nenhum foi vendido. Viraram sucata no Aeroporto de Congonhas.
“Surgiu então a ideia de se fazer a realização de leilões de objetos históricos. Objetos que em princípio não têm valor econômico aferível, mas que têm interesse histórico, principalmente pra colecionadores”, diz Daniel Carnio Costa, juiz da 1ª vara de Falências-SP.
São bonés, broches, maquetes e até roupões. Tudo dividido em kits com lance inicial de pouco mais de R$ 200. Lembranças da companhia aérea fundada em 1933, que pertenceu ao governo de São Paulo, foi privatizada em 1990 e afundou em dívidas.
“O objetivo do processo de falência é arrecadar o máximo que nós conseguirmos com a venda de bens da massa falida para pagamento de credores. Principalmente dos credores que mais precisam, que são os credores trabalhistas. Então a gente não pode desperdiçar uma agulha”, aponta o juiz.
Se der certo, até as caixas-pretas e os rádios dos aviões vão a leilão. Tudo é guardado por ex-funcionários saudosistas que esperam a hora de receber os seus direitos.
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