Projeto da Aeronáutica deve reduzir consumo de combustível por aviões.
Sistema, que permite voos mais 'retos', começa a funcionar em 2012.
Um projeto de reestruturação da rede de rotas aéreas feito pela Aeronáutica promete reduzir o tempo de viagem no país, além de diminuir o consumo de combustível e a poluição provocada pelos aviões.
De acordo com a Aeronáutica, a partir de 2012, as aeronaves comerciais passarão a se deslocar pelo Brasil por meio da chamada Navegação Baseada em Performance (PBN, na sigla em inglês), sistema que permite que o caminho percorrido entre um aeroporto e outro seja mais "reto" e direto.
São Paulo-Belo Horizonte e São Paulo-Brasília. As linhas azuis são os 'caminhos' baseados nos
equipamentos instalados no solo. (Foto: Decea)
Hoje, os trajetos feitos pelos aviões acompanham linhas de equipamentos de auxílio à navegação aérea instalados no solo. O piloto precisa passar sobre uma série desses equipamentos, que emitem sinais captados pelo avião e permitem dizer a sua localização e a direção em que ele voa.
Muitas vezes, por conta da localização desses equipamentos, a aeronave é obrigada a fazer curvas e desviar da direção da cidade-destino, o que aumenta o tempo de viagem e o consumo de combustível.
Imagem mostra como vão ficar as rotas, mais 'retas' e com menos cruzamentos (Foto: Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea)
Com o sistema PBN, pilotos e controladores passarão a usar informações de satélites e de equipamentos que ficam dentro do avião para saber sua posição e a direção.
Sem a obrigação de acompanhar os equipamentos no solo, diminui a necessidade de curvas e o caminho fica mais reto.
Cálculos preliminares feitos pela Aeronáutica indicam a redução de cerca de 10 minutos no tempo das viagens tendo como origem ou destino a cidade de São Paulo, nas ligações com Belo Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza e Natal.
Apenas nessas rotas são feitos mais de 35 mil voos por ano. Segundo a aeronáutica, os 10 minutos a menos por voo devem gerar uma economia de cerca de 12 milhões de kg de combustível e evitar a emissão de cerca de 38 milhões de kg de CO2 na atmosfera por ano.
“Este é um cálculo conservador. Esperamos que o tempo de viagem e, consequentemente, a economia de combustível e redução das emissões, sejam maiores do que as estimativas preliminares apontam”, disse o tenente-coronel Julio Cesar Souza Pereira, chefe da Sessão de Planejamento Operacional Estratégico do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) e responsável pelo projeto.
O sistema PBN começa a funcionar em março de 2012 na área que inclui as cidades São Paulo, Campinas, Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Vitória.
A estimativa é que ele passe a valer para todo o país até o final de 2013. Os equipamentos de solo vão continuar a funcionar, principalmente para guiar aeronaves que não dispõem de equipamentos para voar pelo novo sistema.
De acordo com Pereira, a data da mudança no sistema de navegação foi acordada em um fórum sul-americano, pois as rotas entre o Brasil e seus vizinhos têm que ser coerentes umas com as outras. Além disso, apontou ele, foi preciso aguardar que uma quantidade significativa dos voos fosse operada por aviões com os equipamentos necessários para o funcionamento do sistema.
Pereira aponta que o PBN também vai trazer mais segurança para o sistema aéreo brasileiro e reduzir a carga de trabalho de controladores e pilotos.
Isso acontece porque o PBN reduz os cruzamentos de rotas, hoje muito comuns devido à necessidade de seguir os equipamentos em solo. O uso de satélite e equipamentos embarcados vai permitir que as rotas de ida e volta entre dois destinos sejam paralelas.
“A partir do momento em que se reduz o número de cruzamento, aumenta a segurança. O espaço aéreo fica menos complexo e os controladores não vão mais precisar intervir tanto nos voos”, disse Pereira.
De acordo com ele, hoje 95% dos voos na América do Sul, da aviação comercial, geral e militar, são feitos por aeronaves que dispõem dos equipamentos necessários para operar no sistema PBN. No Brasil, diz o tenente-coronel, todos os aviões das grandes empresas aéreas estão equipados.
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