A Gol, a segunda maior companhia aérea do país, ontem à tarde, anunciou internamente mais uma reestruturação em seu comando administrativo, a terceira desde novembro de 2009.
A TAM , líder do mercado, passou pelo mesmo número de mudanças, desde o início de 2010.
As duas companhias, nesses últimos 22 meses, já fizeram seis reestruturações, que resultaram na saída de executivos do alto escalão, com realocação ou extinção de áreas.
Para especialistas do setor, não é mera coincidência. Além da cobrança natural de acionistas, as modificações teriam como pano de fundo uma preparação para um novo mercado, mais competitivo, com o surgimento da Latam (fusão da TAM com a chilena LAN), a expansão da Azul e melhorias nos aeroportos brasileiros, esperadas num horizonte de cinco anos.
"Não existe coincidência. Do lado da TAM, tem a criação da Latam. Do lado da Gol, pode ser uma busca pela identidade original aliada à futura competição com a Latam e o crescimento da Azul", diz o professor de transporte aéreo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Respício Espírito Santo. "E as empresas terão de arranjar outra desculpa quando culpam a ineficiência dos aeroportos pelos maus resultados", acrescenta.
Para um especialista que pediu para não ser identificado, seis mudanças em quase dois anos são fruto da insatisfação dos acionistas - TAM e Gol são cotadas em bolsa e as famílias fundadoras, Amaro e Constantino, respectivamente, ainda têm peso importante na condução dos negócios. "No fundo, são os acionistas que determinam essas mudanças, insatisfeitos com o desempenho".
O anúncio oficial da mudança administrativa na Gol, conhecida internamente ontem, estava planejado para após o fechamento do mercado financeiro. Duas vices-presidências serão unificadas e quatro diretorias, extintas, entre outras modificações.
Segundo uma fonte que acompanha a reestruturação, a vice-presidente de mercado, Claudia Pagnano, deixa a Gol. Sua vice-presidência será absorvida pela de gestão de pessoas, cujo titular é Ricardo Khauaja, e será criada uma nova vice-presidência, a de mercado e clientes. Khauaja permanece nesse cargo. Entre as quatro diretorias que serão extintas, estão as áreas de relações institucionais, comunicação e novos produtos.
A Gol foi procurada, mas não se manifestou até o fechamento desta edição. Claudia assumiu a vice-presidência de mercado em março de 2010. Ela passou por empresas como Pão de Açúcar, Bank Boston, Kodak e Unibanco, entre outras. Esse cargo foi criado pela Gol em novembro de 2009 e fez parte de uma primeira onda de reestruturações da Gol.
Naquela época, a Gol enxugou de cinco para quatro o número de vice-presidências, remanejou diretorias e trocou dois vice-presidentes que participaram da fundação da Gol, em 2001: Tarcisio Gargioni, de marketing, e Wilson Maciel Ramos, de planejamento e tecnologia da informação, deixaram a empresa. Em outubro de 2010, foi a vez de uma troca de executivos da vice-presidência técnica.
Na TAM, a última mudança aconteceu há pouco mais de um mês, quando um dos principais executivos saiu da empresa, o vice-presidente comercial e de alianças, Paulo Castello Branco.
A sua área foi transferida para uma nova vice-presidência, de planejamento e alianças, com a promoção de Nelson Shinzato. Em maio de 2010, a TAM nomeou quatro executivos e criou uma nova vice-presidência. Dois meses antes, ressuscitou outra vice-presidência, de gestão.
Fonte:Valor Econômico-por: Alberto Komatsu | De São Paulo/foto:Jetphotos.net
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