Departamento de Estado Apoia Embreaer nas negociações com os EUA
A suspensão da compra dos Super Tucanos pelos EUA, um negócio inédito para o Brasil, não traz surpresas. O desfecho do caso, contudo, ainda pode ser favorável à fabricante brasileira.
Em 2004, a empresa de São José dos Campos ganhou uma licitação ainda mais importante, de quase US$ 1 bilhão em aviões-radar para o Exército americano.
Na ocasião, a concorrência local protestou, apontou problemas de projeto do produto ofertado pela Embraer e acabou por melar o negócio. O lobby em favor do produto nacional é muito eficaz nos EUA, e não haveria de ser de outra forma agora.
A diferença desta vez é que o Departamento de Estado vinha trabalhando em favor da fabricante brasileira.
Primeiro, porque aos EUA é interessante uma parceria estratégica com o Brasil.
O mesmo é feito com a também emergente Índia, só que no caso com tecnologia nuclear, visando contrabalançar o poderio chinês.
É uma espécie de “upgrade” nas relações, um tanto desgastadas nos últimos anos, com o principal sócio do continente americano.
Segundo, e mais importante, a diplomacia americana vinha usando a carta da compra dos Super Tucanos como um facilitador para o fornecimento ao Brasil dos seus Boeing F-18, na concorrência para a compra de caças da força aérea brasileira.
Não que os negócios sejam comparáveis em si: são R$ 650 milhões para os turboélices brasileiros, e talvez mais de R$ 10 bilhões para os jatos americanos.
Mas, ao permitir à principal empresa aeronáutica do Brasil acesso ao maior mercado de defesa do mundo, os EUA sinalizam que estão dispostos a fazer negócios. E isso, para a FAB, pode garantir acesso a tecnologias sensíveis de seu novo caça.
De resto, os argumentos contra o Tucano são frágeis. O avião é único em sua classe hoje no mercado, diferentemente do caso do EMB-145 AEW&C da disputa de 2004.
Em relação ao lobby pró-indústria local, é como a secretária Hillary Clinton disse recentemente: toda compra americana de sistema de armas complexo obriga que mais da metade dos componentes do produto seja “made in USA”.
No caso do Tucano, o índice é bem maior, tanto que o avião não pôde ser exportado para a Venezuela por conta do embargo americano ao regime de Hugo Chávez.
Fonte: Folha de São Paulo – Igor Gielow-via:Cavok
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