WASHINGTON - A fabricante de aviões Hawker Beechcraft espera para fins de março uma decisão da Justiça americana na ação que questiona a vitória da Embraer numa licitação com valor de até US$ 1 bilhão para o fornecimento de aviões militares para a Força Aerea dos Estados Unidos.
“A Justiça adotou um cronograma acelerado”, declarou a companhia, respondendo a perguntas encaminhadas por e-mail pelo Valor. “Esperamos uma decisão possivelmente em fins de março, mas não podemos prever com certeza.”
Segundo a empresa, o objetivo principal da ação judicial é reabrir a licitação pela Força Aérea e incluir o avião militar fabricado pela companhia, o AT-6, dentro da disputa. “Se a corte determinar a reabertura da competição, acreditamos que os competitores que restarão na disputa serão a equipe da Embraer e Sierra Nevada e a Hawker Beechcraft”, afirma a companhia.
Em novembro, a Força Aérea americana desclassificou a companhia americana da disputa porque, segundo seu entendimento, “múltiplas deficiências e fragilidades significativas encontradas na proposta da Hawker Beechcraft a tornaram inaceitável tecnicamente e criam riscos inaceitáveis para as missões”.
A Força Aérea comunicou a vitória da Embraer em fins de dezembro, num contrato inicial para o fornecimento de 20 aviões Super Tucano, avaliados em US$ 355 milhões. A expectativa é que o contrato seja expandido ao longo do tempo, chegando próximo de US$ 1 bilhão.
A Hawker Beechcraft entrou com uma ação na Justiça americana questionando sua desclassificação. Nesta semana, a Força Aérea comunicou a suspensão do contrato com a Embraer, que opera em associação com a Sierra Nevada, até que a justiça dê seu veredito.
A Hawker Bechcraft discorda da avaliação da Força Aérea sobre seu avião, o AT-6. “Conhecemos as duas aeronaves e acreditamos que o AT-6 é superior para as missões descritas pela Força Aérea”, disse a empresa por e-mail. “Infelizmente, as preocupações citadas pela Força Aérea são vagas e não provém concretas razões para levar a exclusão prévia de nossa aeronave.” A companhia diz que, com a ação judicial, espera obter explicações mais palpáveis sobre porque foi desclassificada.
Reportagem do Valor mostra que a Hawker Beechcraft está usando retórica nacionalista para tentar ganhar o contrato com a Força Aérea. “O contrato, a caminho de beneficiar uma empresa não americana, é avaliado em US$ 1 bilhão em recursos dos contribuintes americanos”, afirmou a empresa numa nota recente à imprensa. A empresa criou um website em diz que seu avião "cria empregos americanos".
A licitação para a compra de aviões pela Força Aérea virou uma disputa entre diferentes regiões dos Estados Unidos. Políticos do Estado do Kansas, onde está sediada a Hawker Beechcraft, sairam em defesa da companhia. Autoridades da Florida, onde a Embraer tem sua sede americana e pretende montar os Super Tucanos, saíram em defesa da empresa brasileira.
“O AT-6 oferece beneficios siginificativamente maiores para a economia americana”, afirma a Hawker Beechcraft. “O AT-6 mantém 1400 empregos em 39 Estados diferentes, incluindo 800 na fábrica e linha de montagem em Wichita, Kansas.”
A reportagem do Valor também mostra que Hawker Beechcraft tem encorajado cidadãos a entrarem em contato com parlamentares e o Departamento de Defesa em favor do AT-6. A empresa fez doações à campanha eleitoral de deputados do Kansas que fizeram recentemente declarações em favor do avião americano.
“No curso normal de nossos negócios, estamos pedido a membros do Congresso para questionar a decisão da Força Aérea e o precesso que levou a ela”, afirma a companhia.
O Nacionalismo Americano
A fabricante de aviões Hawker Beechcraft está apelando para a retórica nacionalista na tentativa de tomar da Embraer contrato de até US$ 1 bilhão para fornecer aeronaves para a Força Aérea americana. Mas sua estratégia está sendo diluída pelos interesses locais de diferentes regiões dos Estados Unidos.
Fonte:Valor Econômico -por:(Alex Ribeiro | Valor)/foto:jalopnik.com.br
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