Amorim quer retomar agenda dos caças para deixar ‘legado’ na Defesa.
Ministro tenta trazer assunto de volta à lista de prioridades para 2014 — mas eleições podem travar escolha do fabricante.
Em sua tímida passagem pelo Ministério da Defesa, Celso Amorim quer deixar um ‘legado’.
Sua pasta foi uma das mais castigadas pelos contingenciamentos ao longo dos últimos três anos.
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Os recursos liberados pelo governo à Defesa representam, em média, 55% do que a pasta demanda para manter despesas, custeio e investimentos.
Sem muito campo para atuar, Amorim quer retomar as discussões sobre o FX-2 , o projeto de substituição de aeronaves militares que teve origem há mais de 20 anos e jamais foi levado adiante por um governante.
Como as atuais aeronaves usadas pela Força Aérea Brasileira (FAB), os Mirage 2000, da francesa Dassault, já ultrapassaram todos os limites da recauchutagem e serão aposentadas obrigatoriamente ao final deste mês, o ministro quer aproveitar para fazer do FX-2, também, a sua bandeira.
Em conversas com oficiais e assessores, Amorim tem levantado a questão com certa frequência. Reconhece, contudo, que o tema de uma compra de 36 caças por mais de 5 bilhões de dólares não é o assunto mais apropriado para se discutir às vésperas do pleito eleitoral.
Em período de deterioração das contas públicas, a presidente não teria muitos argumentos para explicar à população o investimento bilionário em aparatos militares — ainda que o impacto orçamentário desse gasto só seja sentido de um a dois anos após a compra. "Amorim quer fechar o negócio, mesmo que as negociações pós-compra e a chegada das aeronaves aconteça em outro governo. Ele quer deixar o legado", afirma uma fonte próxima às discussões.
Diferente de seu antecessor, Nelson Jobim, que fazia uma defesa deslavada pelo acordo com a Dassault, Amorim, até o momento, não tomou partido de nenhum fabricante.
O Ministério da Defesa confirmou, por meio de sua assessoria, a vontade do ministro em dar sequência ao FX-2 em 2014, mas ressaltou que a decisão está nas mãos da presidente.
Durante o governo Dilma, nas poucas discussões consistentes sobre o tema, a nova favorita era Boeing. Não só a proposta de transferência de tecnologia da gigante americana havia agradado a presidente Dilma, como a vinda da empresa ao Brasil havia suscitado uma série de possibilidades de parcerias com a indústria que iam além dos F18.
Segundo documentos sigilosos divulgados pelo Wikileaks, o brigadeiro Juniti Saito, comandante da Aeronáutica, também havia explicitado, em 2009, a superioridade técnica da aeronave americana. Contudo, a saia-justa causada pelas denúncias do ex-técnico da CIA e da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, Edward Snowden, que revelaram práticas de espionagem do órgão a diversos governos — inclusive o brasileiro , colocaram a Boeing no fim da fila. “Agora, o páreo é entre franceses e suecos”, diz uma fonte ligada à Defesa. Procuradas, Dassault e Saab não quiseram comentar.
FONTE: Revista VEJA -via:Cavok
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