FBI usa nos EUA drones para ações de vigilância
[foto:www.wired.com]
O diretor do FBI (polícia federal americana), Robert Mueller, reconheceu ontem que os drones, aeronaves não tripuladas usadas para matar suspeitos de terrorismo em países como Paquistão e Iêmen, também têm sido aproveitados em missões de vigilância dentro dos EUA.
[foto:www.extremetech.com]
A confirmação do uso doméstico dos drones deve ampliar as críticas a Barack Obama, cuja popularidade dentro e fora do país já recuou em razão das revelações sobre a espionagem praticada pelo governo americano em telefones e na internet.
Os aviões não tripulados já são utilizados por agências federais para vigiar fronteiras ao norte e ao sul do país.
[foto:www.guardian.co.uk]
Mas segundo o FBI, também atuaram com forças policiais para monitorar cidadãos em questões domésticas. Não foram dados detalhes.
"Usamos em uma escala, muito, muito pequena, muito raramente", minimizou o diretor do FBI, depois de ouvir a pergunta em uma audiência no Senado.
O uso de drones é questionado politicamente há anos, e entidades de direitos humanos criticam a ausência de regras claras de privacidade, que ganharam relevância desde que o ex-técnico da CIA Edward Snowden revelou o sistema de grampo da NSA (Agência de Segurança Nacional) no início deste mês.
[vídeo:Publicado em 28/04/2013/por:Multicoptero - via:Youtube.com]
Quando a democrata Dianne Feinstein o questionou sobre garantias de privacidade em relação ao uso doméstico dos drones, Mueller se esquivou e apenas repetiu que o emprego do avião "limita-se a casos muito particulares".
Pressionado por Feinstein, defensora da criação de um tribunal especial para avaliar as diretrizes sobre o uso desse tipo de avião, Mueller não explicou como o FBI lida com as imagens feitas por eles.
"Há diversas questões com relação aos drones que terão de ser debatidas", disse o diretor da agência, que está prestes a se aposentar.
Análise: Vant militar, mais conhecido como drone, é guiado pela questão política. Então para que serve um avião de guerra? E por que ele precisaria de um piloto?
Respondendo a essas perguntas os militares em anos recentes chegaram a uma conclusão: muito do que faz um avião pilotado pode ser feito por um sem piloto.
E pode fazer algo que os aviões tripulados não fazem tão bem, por exemplo, ficar horas e horas voando.
Robôs voadores não precisam descansar.
A tecnologia demorou para permitir isso. Esses aparelhos eram chamados pejorativamente de brinquedos. Seriam meros aeromodelos, não máquinas de guerra.
Mas agora a tecnologia está se vingando dos detratores, até demais.
Os chamados Veículos Aéreos Não Tripulados (VANTs), sigla tirada do inglês "Unmanned Aerial Vehicle" (UAV) estão na linha de frente da chamada "guerra ao terror" promovida pelos Estados Unidos. E se tornaram polêmicos pelo seu uso excessivo.
Voltando à pergunta inicial: para que serve um avião de guerra?
Eles começaram servindo na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), poucos anos depois de desenvolvidos em várias partes do mundo, para o reconhecimento do território inimigo.
A grande "arma" desses pioneiros aviões de guerra era a máquina fotográfica.
Com o aperfeiçoamento das aeronaves, passaram a ter metralhadoras para derrubar outros aviões (os chamados "caças"), ou então portar bombas (os chamados "bombardeiros").
. Mas todos precisavam de pilotos para guiá-los até o alvo.
Só depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) que a eletrônica começou a permitir a possibilidade de um avião sem piloto.
Os primeiros casos foram fracassos
. Talvez o mais emblemático foi o minihelicóptero antisubmarino Dash ("Drone Anti-Submarine Helicopter"), da Marinha dos EUA, da década de 1960.
O Dash deveria simplesmente transportar um torpedo antissubmarino mais longe do seu navio; não precisava fazer nada muito elaborado, mas mesmo assim fracassou. Como resultado, as marinhas passaram a usar helicópteros normais, tripulados, bem mais versáteis.
Com o desenvolvimento da eletrônica desde então, especialmente com a miniaturização de componentes, puderam surgir VANTs com aplicação militar. Sensores a bordo permitem reconhecimento de dia ou de noite; e vários modelos são armados com mísseis ar-terra (contra alvos no solo).
Assim como aconteceu com a aviação tripulada, os VANTs surgiram primeiro para reconhecimento, depois para combate.
A grande vantagem das aeronaves não tripuladas é política. Se o inimigo abate uma delas, não há risco de ter um piloto morto ou capturado. Basta lembrar um exemplo clássico: a derrubada em 1960 pela União Soviética de um avião de reconhecimento americano U-2. O piloto, Francis Gary Powers, foi capturado, para grande embaraço diplomático do governo dos EUA.
Nenhum avião tripulado consegue fazer o que faz o americano RQ-4 Global Hawk.
Voa a cerca de 20.000 metros de altitude, com alcance de 6.000 km, e tem 24 horas de autonomia.
Não existe piloto capaz de ficar um dia inteiro vigiando um alvo.
"Pilotar" um VANT é uma forma mais segura de "combate": o operador está a salvo em terra em uma base aérea sentando na frente de um console, quiçá a milhares de quilômetros de distância.
Mas a dificuldade em identificar alvos com precisão pode fazer com que civis sejam mortos, os tais "danos colaterais". Essa é a grande polêmica do momento em relação aos "drones".
Fonte: Folha
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