Profissionais do Exército e da Helibrás trabalharam por dois meses no meio da floresta Amazônica para fazer a aeronave Cougar voltar a voar depois de um pouso brusco de Emergência.
Depois que um helicóptero AS 532 EU do Exército brasileiro foi obrigado a fazer um pouso de emergência na Floresta Amazõnica, os comandantes militares tiveram de escolher entre desmontar a aeronave para transportá-la para um local onde poderia ser reparada ou fazer a manutenção na própria selva
A decisão de que o helicóptero deveria passar por uma inspeção de pouso brusco no local do incidente levou sete profissionais a passarem dois meses em um acampamento trabalhando diariamente até que o serviço fosse concluído.
A aeronave, chamada pela Aviação do Exército do Brasil de HM-3 Cougar, é fabricada pela Eurocopter. grupo do qual faz parte a Helibras.
O helicóptero biturbina faz parte da linha Super Puma,tem capacidade para 27 homens entre passageiros e tripulantes e pode ser usado em combate, apoio ao combate e apoio logístico. Além de três mecânicos militares, um oficial gerente de manutenção e um soldado auxiliar de pista, um engenheiro e um técnico em manutenção da empresa brasileira participaram da equipe.
Três profissionais do parque auxiliavam no transporte de peças e suprimentos e davam suporte aos acampados. Na etapa final, três militares foram incorporados ao grupo para fazer os cheques de solo e de voo.
O pouso brusco foi feito no dia 3 de dezembro do ano passado, quando a aeronave com quatro militares sobrevoava o Parque Nacional da Serra do Pardo, no Pará, em uma missão de rotina.
Situado na região das cidades de Altamira e São Félix do Xingu, o parque foi criado em 2005 e tem uma área superior a 445.000 hectares, que deve ser preservada em razão de seus rios, montanhas e rica vegetação.
A reserva natural é administrada pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), que conta com o apoio dos militares para impedir invasões e a destruição da região. Atualmente, o maior desafio é impedir a expansão de fazendas ilegais dentro do parque.
A Helibras e o Exército ainda não sabem o que causou o problema que originou o pouso brusco.
Segundo o relato dos tripulantes ao major Aníbal Silva Ba-tista, oficial de Comunicação Social, um dos motores apagou durante o voo por motivo ainda desconhecido, relacionado a um sistema de proteção que reagiu a um disparo de rotação.
Com uma manobra de emergência conhecida como autorrotação, os tripulantes conseguiram fazer o pouso na região mais apropriada possível para esse tipo de situação.
Depois de analisar as condições da aeronave, os militares teriam de decidir como fazer os devidos reparos, uma vez que não havia sérios danos em sua estru rura.
Para fazer o deslocamento do helicóptero para um centro de manutenção, seria necessário desmontá-lo.
Os engenheiros Jean Pierre Jacquemin, gerente do Suporte Técnico, e James Mcleod, responsável técnico pelo Super Puma na Helibras, fizeram uma análise técnica da situação. "Essa decisão foi a mais importante, pois se desmontássemos a aeronave para transporte aéreo ou fluvial (balsa), o empenho em manutenção seria muito grande, fora a estrutura logística para este tipo de transporte.
Assim, decidiu-se que o tempo que gastaríamos fazendo a recuperação da aeronave no local seria apenas um pouco maior do que se a desmontássemos para transporte", comenta Mcleod.
A experiência dos profissionais envolvidos em trabalhar em situações adversas foi essencial para o sucesso da operação. Jacquemin, que participou do planejamento, contou com sua vivência na Aviação do Exercito francês e depois como operador civil, e colaborou para que o resgate fosse feito no menor tempo possível.
O técnico em manutenção aeronáutica Gedalias Coelho também já prestou vários tipos de apoio nas mais diversas situações. "Contei ainda com minha vasta experiência de ex-militar da Força Aérea, servindo por dez anos na Amazónia, onde cumpri muitas missões", afirma Mcleod.
O major Aníbal lembra que todos os militares do 4° BAvEx (Batalhão de Aviação do Exército) estão acostumados a trabalhar nas condições oferecidas pela vida na floresta.
O trabalho teve início no dia 28 de dezembro. Apesar de todos os cuidados com o planejamento, a manutenção transcorreu cercada de imprevistos típicos das características do clima e biodiversidade da região.
Instalados em uma barraca, os profissionais aproveitavam as. tardes de chuva para fazer a manutenção de pequenas peças dentro do alojamento, que recebeu algumas visitas de animais como onças.
Mosquitos, aranhas e outros animais peçonhentos eram presenças constantes, que obrigavam todos a tomar certos cuidados.
A lama provocada pelas chuvas constantes, a dificuldade de comunicação e de acesso ao local do pouso brusco também prejudicavam a manutenção. "É uma área isolada e com poucos meios disponíveis, apesar de ter um posto do Instituto Chi-co Mendes", descreve o major Aníbal.
Com o passar do tempo, além da falta de conforto, a saudade da família e a dificuldade de administrar o tempo passaram a incomodar os homens.
Um helicóptero do Exército ficou à disposição dos profissionais, para transportar as ferramentas e peças que fossem necessárias, e a FAB (Força Aérea Brasileira) chegou a ajudar no transporte de equipamentos pesados. "O mais complicado foi levar um caminhão Munck, que precisou ser transportado por uma balsa e foi usado para suspender o cone de cauda", conta Mcleod.
Para a inspeção, foram removidas as pás do rotor principal, cabeça do rotor e transmissão principais e o cone de cauda.
Os técnicos seguiram com as inspeções previstas em manual em cada uma das peças, porém não foi encontrado qualquer defeito.
No final, foram substituídos os dois motores, o esqui de cauda e o trem de pouso auxiliar.
Terminado o trabalho, o helicóptero consertado aterrissou, com técnicos e tripulantes a bordo, no pátio do 4° BAvEx no último dia 2 de fevereiro, pronto para retomar suas missões.
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