American e US Airways criam maior aérea do mundo
[foto:www.nbr.com ]
Por Alberto Komatsu | De São Paulo
A American Airlines e a US Airways anunciaram ontem a criação da maior companhia aérea do mundo, com valor de mercado de US$ 11 bilhões, receita operacional combinada de US$ 38,2 bilhões, no ano passado, 1,5 mil aeronaves (10 vezes a frota da TAM), 100 mil funcionários e 6,7 mil voos por dia (8,3 vezes a operação diária da Gol).
[Vídeo:newsday252 - Publicado em 14/02/2013/via:Youtube.com]
A fusão entre as duas americanas supera a união entre as rivais United e Continental, que poderá ser concluída neste ano.
A nova empresa vai operar com o nome de American Airlines e ontem era chamada informalmente de "nova" American.
A união entre a American, em concordata desde novembro de 2011, e a US Airways já vinha sendo cogitada desde o ano passado. O conselho de administração das duas empresas aprovou, por unanimidade, a negociação na noite de quarta-feira.
A fusão terá de ser avaliada por autoridades antitruste e Justiça dos EUA pois a American está em concordata. O negócio poderá ser concluído no final de setembro.
Os credores da holding da American, a AMR, terão 72% das ações com direito a voto (ON) da nova empresa, incluindo uma fatia de 23,6% para trabalhadores e sindicatos de funcionários da American.
Os acionistas da US Airways terão os 28% restantes.
O CEO da nova American será o atual presidente da US Airways, Doug Parker (ver reportagem abaixo). O comando do conselho de administração ficará com atual CEO da American, Thomas Horton.
A América Latina, especialmente o Brasil, são peças fundamentais na estratégia de expansão da nova American, disseram o vice-presidente da American para América Latina e Caribe, Art Torn, e a vice-presidente da US Airways, Madeleine Gray.
"Acreditamos que a fusão e a nossa malha de voos com a fusão nos permite atender mais passageiros e ter um crescimento agressivo. Nosso foco não é apenas o mercado doméstico mas o mercado global também", disse Torn. "O impacto [da fusão] só pode ser positivo porque a American tem uma grande presença na América Latina e estamos felizes por fazer parte disso", acrescentou Madeleine.
Já especialistas de aviação não enxergam significativo impacto na América Latina. Para eles, a fusão é uma alternativa para ganhar escala e competir com as rivais, que já protagonizaram processos de consolidação. São fusões como as protagonizadas entre United e Continental, Delta e Northwest, Southwest e Air Tran.
"Com absoluta certeza, foi um negócio voltado para o mercado americano, onde as duas se complementam. A US Airways é forte nas regiões nordeste e sudoeste", disse o especialista em aviação americana e sócio-diretor da consultoria Alvarez and Marsal para a América Latina, Luis de Lucio.
O professor de transporte aéreo da Escola Politécnica da UFRJ, Respício Espírito Santo, afirmou que a negociação foi uma questão de sobrevivência. "É uma fusão muito mais de sobrevivência do que de realinhamento estratégico. As duas precisam ficar maiores, mais densas, porque as concorrentes estão muito maiores", afirmou.
Torn, vice-presidente da American, lembrou que o acordo de compartilhamento de voos ("codeshare") com a TAM Linhas Aéreas será importante para melhorar a qualidade e capilaridade do atendimento dos passageiros da nova American, no Brasil. Respício, da UFRJ, e Lucio, da Alvarez and Marsal, afirmam que a negociação reforça a tendência de a TAM, após a fusão com a LAN, aderir à aliança global Oneworld, a mesma da LAN e da American.
A América Latina é o maior mercado internacional da nova American, com operações em 80 destinos. A operação latino-americana supera a Ásia-Pacífico (5 destinos) e a Europa e Oriente Médio (21 destinos). Só fica atrás dos Estados Unidos e Canadá (230 destinos).
No Brasil, somente a American opera 111 voos por semana entre o Brasil e os Estados Unidos, a maior operação de uma companhia aérea estrangeira no país. A US Airways opera um voo diário entre o Rio de Janeiro e Charlotte, na Carolina do Norte.
A partir de 6 de maio, a US Airways vai dobrar a sua operação no Brasil, com mais sete voos por semana entre São Paulo e Charlotte.
Torn, da American, diz que aguarda a aprovação das autoridades brasileiras e americanas para dois novos destinos: Curitiba e Porto Alegre. Atualmente, a empresa opera em sete capitais. Segundo ele, a US Airways também tem interesse em novos voos no país a partir de Charlotte.
A fusão da American Airlines e a US Airways foi o último capítulo da consolidação entre grandes companhias aéreas no continente americano. A afirmação é do especialista em aviação da consultoria Bain and Company, André Castellini. Segundo ele, o próximo passo na aviação global poderá ser o estabelecimento de joint ventures operacionais entre companhias de diferentes continentes e, futuramente, a possibilidade de fusões transcontinentais.
Fonte:Valor Econômico
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