O que deve mudar nos aeroportos brasileiros?
As reclamações dos passageiros são muitas. De início, falou-se em privatização de pelos menos 16 aeroportos administrados pela Infraero. Depois, essa lista se reduziu.
As reclamações dos passageiros são muitas. De início, falou-se em privatização de pelos menos 16 aeroportos administrados pela Infraero. Depois, essa lista se reduziu.
Outra pergunta: como tornar mais fácil o acesso de voos de médio curso ao centro das capitais? Veja as opiniões sobre o assunto.
O que dá para melhorar nos aeroportos? “Conforto”, comenta uma passageira.
“Tinha que ter uma sala vip, que fosse paga, com chuveiro”, sugere outra passageira.
“Segurança deveria ser reforçada”, completa outra mulher.
Para o governo, um dos caminhos para a solução desses e de vários outros problemas é o repasse de, pelo menos, três aeroportos para as mãos da iniciativa privada. O Aeroporto Antônio Carlos Jobim, no Rio de Janeiro; o Viracopos em São Paulo; e um terceiro aeroporto, também em São Paulo, que ainda será construído.
Os editais devem sair no segundo semestre deste ano. Um negócio bilionário para quem assumir a arrecadação de taxas de embarque, de manuseio de carga, de pousos e decolagens, de estacionamento e até do aluguel de lojas.
Também está sendo discutida a abertura do capital da Infraero, o que segundo o ministro da Defesa, Nelson Jobim, não vai influenciar nas concessões dos aeroportos.
“Um aeroporto se compõe de duas coisas: uma parte é a pista, outra é hotelaria, que é o aeroporto em si, que hoje é quase um shopping. Não podemos mais ser administradores de shoppings”, aponta o ministro da Defesa Nelson Jobim.
Enquanto o governo fala em concessão, a batalha política pela forma como são utilizados os aeroportos do Rio, de São Paulo e de Minas Gerais segue a plena força. Em Minas, o governador Aécio Neves não quer nem saber de voos nacionais no Pampulha, aeroporto próximo do centro da cidade.
No Rio de Janeiro, o governo estadual está em campanha para aumentar o número de voos no pouco utilizado Antônio Carlos Jobim. Nos últimos dias, a decisão da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) de liberar mais voos no Aeroporto Santos Dumont para outros pontos do país contrariou os interesses do governador do Rio, Sérgio Cabral.
“Não pode um aeroporto que, hoje, com todas as precariedades, tem capacidade para 15 milhões de passageiros estar operando com 8 milhões. Isso é um crime com dinheiro público. Você nunca vai transformar o aeroporto em aeroporto internacional para valer. Teremos Copa do Mundo, Olimpíadas”, aponta o governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral.
Para o presidente do Instituto Brasileiro de Estudos Estratégicos e de Políticas Públicas em Transporte Aéreo, Respício Espírito Santo Jr, a discussão está acontecendo sem que se leve em conta fatores que, no futuro, podem se transformar em problemas sérios, como a poluição sonora provocada pelo aumento de voos noturnos e a rede de transportes, que precisa ser capaz de levar e trazer com rapidez os passageiros que chegam e saem dos aeroportos.
“Além disso, uma análise socioeconômica, de quantos empregos serão gerados por novas operações de um lado e quantos serão perdidos por operações não estarem em outro, o volume de impostos arrecadados nas três esferas”, lembra Respício Espírito Santo Jr.
Segundo o especialista, hoje não existe em nenhum lugar do Brasil uma solução eficiente para ligar aeroportos distantes e o centro das capitais.
Enquanto os políticos discutem sobre concessões e uso dos aeroportos, as companhias aéreas avisam: de nada adianta ficar desejando mais voos neste ou naquele aeroporto. O que vale mesmo, para elas, é a velha lei de mercado.
Quando a Anac determinou em 2005 que o Aeroporto Santos Dumont ficasse só com a ponte aérea, vários voos passaram a decolar e pousar no Antônio Carlos Jobim. De acordo com as companhias aéreas, isso criou o que elas chamam de “conectividade”. Ou seja, milhares de passageiros dos voos nacionais passaram a ficar ao alcance de voos internacionais. O efeito? Várias novas linhas vindas de outros países passaram a ter como destino o Rio de Janeiro.
“Se existir demanda no aeroporto, você coloca os voos naquele aeroporto. A caneta não resolve nada. O que resolve é o movimento dos passageiros”, aponta o diretor do Sindicato Nacional de Empresas Aeroviárias Ronaldo Lemos.
Autoria:Globo.com
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