15/11/2010

A AVIAÇÃO PRECISA DE VISÃO ESTRATÉGICA

CONTRATAÇÃO DE PILOTOS ESTRANGEIROS PODE NOS OBRIGAR A COMEÇAR DE NOVO, EM ALGUNS ANOS



http://www.asasbrasil.com.br/Reportagens/conar/conar5.jpgMuitos conhecem a expressão "balão de ensaio", mas poucos conhecem sua origem e emprego.


Antes de o Padre Bartolomeu de Gusmão e do próprio Santos Dumont popularizarem o termo, Maquiavel já ensinava seu emprego como ferramenta política.

Recomendava que, antes de baixar uma lei que pudesse ser objeto de polémicas, confrontos político ou até perda de popularidade, o político deveria" soltar um balão de ensaio".

Consistia em lançar um boato, preferencialmente o atribuindo a algum grupo da oposição e aguardar a reação do povo.


Caso não houvesse qualquer tipo de reação contrária, a lei era promulgada e ponto final.

No caso de a reação haver sido mediana ou com alguma resistência, faziam-se ajustes, negociava-se com os grupos contrários e a lei era baixada.

Se a reação fosse violentamente contrária, o projeto era engavetado, aguardando melhor oportunidade para voltar à carga.

Toco neste tema, em razão de todos os problemas que enfrentamos hoje e que teremos de enfrentar nos próximos cinco anos em nosso sistema de transporte aéreo.

A raiz desses problemas vem de uma medida errada do antigo DAC (Departamento de Aviação Civil) quando decidiu entregar à própria sorte nosso sistema de formação aeronáutica. "Despater-nalizar", como se chamou na época.

Antes foi lançado um "balão de ensaio" e, como todos os dirigentes de aeroclubes acharam uma maravilha sair do jugo e do controle dos militares, a medida foi implementada.

Como, poucos anos antes, haviam sido adquiridas 400 novas aeronaves Aero Boero para instrução, não houve problemas para que a formação aeronáutica continuasse a abastecer o mercado.

Assim que o património recebido passou a ser consumido, sem gerar receita para ser reposto, os problemas começaram a surgir e a falta de pilotos começou a ser anunciada.

Assim foi com os Ministérios militares, com o antigo DAC e, agora, com as empresas aéreas.

Há que se imaginar que, quando criamos o Ministério da Defesa e os Comandos Militares, tivemos vim ganho de qualidade em termos de recursos de defesa e manutenção de nossas Forças Armadas e da soberania nacional. Salvo melhor avaliação, não me parece que tenha sido o caso.

Com a criação da ANAC (Agência Nacional da Aviação Civil), não foi diferente e "saiu voando pêlos céus brasileiros um balãozinho" sugerindo que os militares deveriam cuidar apenas de sua Força Aérea e deixassem a aviação civil para os civis.

Como os militares não reclamaram e os civis bateram palmas, fomos em frente e criamos mais uma agência regulatória.

Passando pela infraestrutura aeroportuária, chegamos ao capital e controle de nossas empresas de Unhas aéreas. No primeiro caso, não se tomou qualquer providência objetiva, solta-se um "balão de ensaio": a contratação de pilotos estrangeiros.

No segundo caso, propõe-se o aumento de capital estrangeiro nas empresas aéreas de 20% para 49%.

Como também não houve gritaria contra a remessa de dinheiro e invasão de asas estrangeiras na administração de nossas empresas aéreas, tudo vai seguindo sem grandes confrontos.

Estamos assustados com a condição de nossos aeroportos.

Em outra época, construímos a segunda maior infraestrutura aeroportuária do mundo e uma das maiores empresas do mundo nesse setor.

Foi naquele período que formamos a terceira maior empresa fabricante de aeronaves de linha aérea do mundo, uma das melhores universidades na formação de engenheiros aeronáuticos e um dos quatro mais importantes complexos aeroespaciais e aeronáuticos do planeta (Embraer, ITA e CTA, respectivamente).

Lembro apenas que o Brasil é um dos quatro países continentais do mundo e o transporte aéreo é absolutamente vital para nossa integração, desenvolvimento e sustentação económica.

Transporte aéreo é um setor estratégico ao País, assim como o é a energia, petróleo, controle de matérias-primas, educação e saúde.

Lei de céus abertos e formação de uma nova equipe de Tigres Voadores ou Legião Estrangeira não interessam. Caso não haja uma reação enérgica imediata, vamos ter de começar de novo, como a China.

Fonte:Aeromagazine -Artigo escrito por:Decio Corrêa

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