28/08/2012

A AVIAÇÃO MILITAR E A TERCEIRIZAÇAO DE SUPORTE & SERVIÇOS


A AVIAÇÃO MILITAR E A TERCEIRIZAÇAO DE SUPORTE & SERVIÇOS 


 EM 16 DE FEVEREIRO ÚLTIMO, a Força Aérea de Israel (KHA, Kheil Ha`Avir ) anunciou que os jatos de treinamento avançado Aermacchi M-346 Master, da fabricante italiana Alenia Aermacchi, serão os substitutos da já obsoleta e dispendiosa frota de jatos de combate McDonnell Douglas TA-4H/J e A4N Skyhawk. 

A principal novidade dessa notícia, entretanto, não é nem a aquisição do novo treinador a jato avançado, mas a forma como se dará a "aquisição" deste.



 O contrato de compra dos 30 M-346, avaliado em US$ 1 bilhão, não será assinado pelo Governo israelense ou pelo Alto-Comando de sua Força Aérea, mas por uma empresa privada, a TOR, uma joint venture formada pelas israelenses Elbit Systems e Israel Aerospace Industries (IAI), que será também responsável pelo gerenciamento e manutenção das aeronaves. Através de um contrato de 20 anos com o governo de Israel, a TOR vai vender as horas de voo dos jatos para a KHA, que por sua vez ficará livre das obrigações de gastos com manutenção e treinamento de pessoal especializado. 

De fato, esta é a segunda vez na história que o Governo de Israel implanta esse tipo de ação.


 A primeira experiência bem-sucedida foi há dez anos, quando em novembro de 2002 foram entregues para a KHA os três primeiros treinadores básicos Grob G-120A, monomotores a pistão de fabticação alemã. De modo inédito então, em Israel, as aeronaves tinham sua operação sob responsabilidade de uma empresa privada, a Cyclone Aviation Products Ltd. (subsidiária da Elbit Systems), que ganhou um contrato de dez anos com o governo de Israel para a manutenção e gerenciamento dos aviões, deixando um número de aeronaves e de horas de voo mensais disponíveis para a KHA conduzir, sem afetar o seu cronograma, os voos de treinamento com os cadetes. E tão bem-sucedido foi o resultado que, agora, Israel implementa sistema praticamente idêntico com os M-346.


 O setor de outsourcing (terceirização de serviços) militar tem crescido e se desenvolvido ao longo dos últimos 12 anos, quebrando paradigmas e ganhando espaço nas forças aéreas, inclusive nas mais desenvolvidas e até mesmo nas mais fechadas do mundo, como é o caso de Israel. E, tanto para as empresas-operadoras quanto para os militares que as tem contratado, de forma alguma o outsourcing é visto como perda de autonomia ou soberania pelo país.

 Pelo contrário, a nova relação é vista como incrementadora da economia e bem-vinda criadora de postos de trabalho - as empresas dedicadas ao setor absorvem anualmente, por exemplo, um grande número de militares que foram para a reserva, mas que possuem alto nível de experiência e qualificação. Além disso, as forças aéreas como um todo têm terceirizado serviços mais "secundários" como manutenção e treinamento, por exemplo, concentrando as atenções e, principalmente, as verbas na atividade-fim-a defesa do seu território e o apoio às suas populações.

 Existem hoje muitos exemplos a serem citados, tanto de empresas quanto de países que já adotam essa modalidade. 

Com certeza, um dos mais interessantes é o da Omega Aerial Refueling System, criada em 1999 com o objetivo de oferecer serviços especializados de reabastecimento em voo (REVO). 

Com uma frota de dois Boeing KC-707 e um McDonnell Douglas KDC-10, a empresa foi certificada para operar com quaisquer aeronaves de combate e táticas em serviço na US Navy e US Marine Corps (Marinha e Fuzileiros Navais norte-americanos) em meados de 2001, sendo na sequência contratada pelo governo dos EUA para voar esse tipo de missão para ambas as forças, num acordo mantido até 2006. 

 Pouco depois, em 2008, como medida temporária para suprir a lacuna deixada entre a desativação da sua frota de reabastecedores KC-707 e a chegada e plena operacionalidade dos novos Airbus A330 MRTT, a Royai Australian Air Force (RAAF, Força Aérea australiana) contratou a Omega para cumprir esse tipo de missão. 

 O acordo incluiu os translados dos caças multifuncionais Boeing F/A-18 Hornet das bases aéreas de Tindal e Williamtown para as várias edições do tradicional exercício multinacional Red Flag, organizado na Base Aérea de Nevada (EUA), além do translado em voo dos 24 novos F/A-18E/F Super Hornet, entre março de 2010 e outubro de 2011.

 A confiança da Austrália e dos EUA na empresa tem amparo, inclusive, nos impressionantes números que a Omega apresenta. Desde que entraram em serviço, suas aeronaves já acumularam mais de 15,1 mil horas de voo,4,1 mil missões concluídas com sucesso, 42 mil contatos de REVO e 70.000t de combustível transferido para outas aeronaves. 

As tripulações dos KC-707 e KDC-10 são na maioria compostas por veteranos da própria US Navy e USAF (Força Aérea norte-americana), alguns com 12 mil horas de voo de experiência. Já no segmento de asas rotativas, um dos mais emblemáticos cases de sucesso é da colombiana Vertical de Aviación.

 Fundada em 1982, em Bogotá, a empresa opera em meados de 2001, sendo na sequência contratada pelo governo dos EUA para voar esse tipo de missão para ambas as forças, num acordo mantido até 2006. 

 Pouco depois, em 2008, como medida temporária para suprir a lacuna deixada entre a desativação da sua frota de reabastecedores KC-707 e a chegada e plena operacionalidade dos novos Airbus A330 MRTT, a Royai Australian Air Force (RAAF, Força Aérea australiana) contratou a Omega para cumprir esse tipo de missão. 

 O acordo incluiu os translados dos caças multifuncionais Boeing F/A-18 Hornet das bases aéreas de Tindal e Williamtown para as várias edições do tradicional exercício multinacional Red Flag, organizado na Base Aérea de Nevada (EUA), além do translado em voo dos 24 novos F/A-18E/F Super Hornet, entre março de 2010 e outubro de 2011.

 A confiança da Austrália e dos EUA na empresa tem amparo, inclusive, nos impressionantes números que a Omega apresenta. Desde que entraram em serviço, suas aeronaves já acumularam mais de 15,1 mil horas de voo, 4,1 mil missões concluídas com sucesso, 42 mil contatos de REVO e 70.000t de combustível transferido para outas aeronaves. 

As tripulações dos KC-707 e KDC-10 são na maioria compostas por veteranos da própria US Navy e USAF (Força Aérea norte-americana), alguns com 12 mil horas de voo de experiência. Já no segmento de asas rotativas, um dos mais emblemáticos cases de sucesso é da colombiana Vertical de Aviación. Fundada em 1982, em Bogotá, a empresa opera uma das maiores frotas privadas do consagrado helicóptero de transporte médio utilitário Mil Mi-8/-17/-171. 

 São 23 exemplares, para missões logísticas, transporte de carga externa, de passageiros e materiais perigosos, além de quatro aviões turboélices bimotores British Aerospace J-32 Jetstream, que complementam as operações em rotas de maior alcance ou que dependam de um transporte mais especializado. 

Em seu país, as operações da Vertical de Aviación concentraram-se em auxiliar as forças do governo no combate ao crime organizado, cultivo e tráfego de drogas, principalmente as ações conduzidas pelas Forças Anriadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). 

A empresa possui tripulações de voo e helicópteros equipados e preparados para conduzir essas operações ao lado das forças governamentais, com segurança e eficiência, transportando militares e equipes até locais de dificílimo acesso, para fazer a erradicação de campos de cultivo de drogas. 

 Os helicópteros, não raramente, transportam medicamentos, mantimentos e armamentos para dar suporte às tropas federais, que trabalham em estreita parceria com as equipes da Vertical de Aviación. E a experiência da empresa foi determinante para que o governo dos EUA a selecionasse para fornecer, a partir de março de 2009, voos de transporte logístico para auxiliar na segurança interna e na reconstrução do Afeganistão. 

Devido à sua robustez e versatilidade, o Mi-8/-171 adequou-se perfeitamente às necessidades do US Army (Exército norte-americano) no difícil cenário afegão, dominado por elevadas cadeias de montanha, clima seco e extremamente quente. Assim, ao invés de se preocupar com manutenção, gerenciamento de frota, treinamento, estoque de peças, estrutura para reparos e outras questões burocráticas, o governo norte americano facilitou e, acima de tudo, diminuiu os seus custos de operação para esse tipo de missão, do que se tivesse que usar seus próprios meios e tripulações para cumprir a mesma tarefa.

Em suas modernas instalações na Colômbia, a Vertical de Aviación também faz a manutenção e reparo da família do Mi-8/-171 para vários países vizinhos como o Brasil e México, que nesse caso teve os seus helicópteros revisados num curto espaço de tempo para não comprometer suas operações contra o narcotráfico. 

Também na América Latina, a Argentina tornou-se o primeiro país a vislumbrar as possibilidades e as vantagens da terceirização dos aviões para o seu treinamento básico e avançado. 

Há tempos a formação dos cadetes da Força Aérea Argentina (FAA) está prejudicada pela baixa disponibilidade dos Beechcraft B-45 Mentor e Embraer T-27 Tucano, devido à falta de peças sobressalentes e ao envelhecimento natural das aeronaves. 

Entretanto, o quadro será revertido com um acordo que está em andamento entre os ministérios da Argentina e Alemanha para o arrendamento de aeronaves Grob G 120TP.

 O contrato terá duração de 15 anos e a fabricante alemã Grob será a responsável por manter um número preestabelecido de aeronaves e horas de voo mensais para a realização das instruções de voo na Escuela de Aviación Militar, situada na província de Córdoba.

 O G 120TP será a aeronave padrão para o treinamento básico e avançado, num sistema que vai otimizar a formação e, ao mesmo tempo, reduzir o custo operacional. Antes, além do tempo investido para a realização da instrução teórica e as horas de estudos dedicadas pelo cadete para aprender as especificações e os procedimentos de ambas as aeronaves, a FAA tinha que investir de seis a dez horas de voo para a adaptação na transição do B-45 Mentor para o Tucano, por exemplo. 

Agora, essas horas de voo poderão ser incorporadas na grade de treinamento do aluno, permitindo que o mesmo seja formado com mais experiência. 

A tecnologia embarcada no Grob G 120TP, como as telas de cristal líquido colorido, permitem ao aluno treinar a operação de sistemas como radar de bordo, radar warning receiver (RWR, alerta de detecção de radar), gerenciamento de armamentos e tela com descrição situacional tática (mostrando no mapa digital as rotas, posições inimigas e defesas antiaéreas), entre outros.

 E a fabricante Grob também assinou um memorando de entendimento com a Fábrica Argentina de Aviões (FAdeA), onde, numa primeira etapa, a empresa alemã vai oferecer para seus próximos clientes a opção do G 120TP junto com o jato de treinamento avançado Pampa II, criando um novo sistema de formação (os cockpits terão o mesmo arranjo visual, facilitando a transição entre as aeronaves).


Fonte:Revista ASAS/Fotos:grob-aircraft.eu;Cavok

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