1ºgrupo de aviação de caça - 65 anos
Numa solenidade simples, porém significativa, o 1º grupo de Aviação de Caça comemorou na manhã do dia 18 de dezembro os seus 65 anos de criação. Com poucas autoridades presentes (possivelmente em função da apresentação oficial da Estratégia Nacional de Defesa, em Brasília, realizada no mesmo dia), entre elas o Brigadeiro Mendes, comandante do COMAR III (3º Comando Aéreo Regional), e o Brigadeiro Machado, comandante da FAe III (3ª Força Aérea), a ausência mais sentida foi a do Brigadeiro Rui Moreira Lima, veterano da Campanha da Itália, que infelizmente foi poupado de ir por ligeiros problemas de saúde.
Em seu lugar, o Brigadeiro José Rebello Meira de Vasconcelos assumiu a condição de veterano “mais antigo” presente e, junto a ele, os outros veteranos ainda vivos acompanharam a festa. Com a tropa formada no pátio da Base Aérea de Santa Cruz, alguns militares da unidade foram agraciados pelos resultados alcançados no ano de 2008. Ao longo da cerimônia seis aeronaves Northrop F-5EM em formação efetuaram passagens baixas sobre o local. No final o comandante do 1º Grupo de Aviação Caça, Tenente-Coronel Antonio Ramirez Lorenzo, fez um breve e emocionado discurso, destacando os feitos do esquadrão no passado, e suas conquistas durante o ano de 2008. Após, os presentes foram convidados para um almoço oferecido no hangar do Grupo, onde também houve um animado parabéns, com direito a bolo, para fechar as comemorações da data.
O Tenente-Coronel Antonio Ramirez Lorenzo, comandante do 1º Grupo de Aviação Caça.
O 1º Grupo de Caça foi criado através do decreto 6.123, assinado pelo presidente Getúlio Vargas em 18 de dezembro de 1943, com o objetivo de ser enviado para combater ao lado dos aliados na Segunda Guerra Mundial. Equipado com aeronaves Republic P-47 Thunderbolt, o Grupo participou das ações no Teatro de Operações do Mediterrâneo, realizando missões principalmente de ataque ao solo contra as forças nazistas na Itália. Ao voltar ao Brasil, a unidade fincou suas raízes na Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, onde permanece até hoje. Atualmente o 1º GAvCa utiliza os F-5EM modernizados pela EMBRAER, contando nesse momento com 11 unidades dessa aeronave.
Senta a Pua!
A Aviação de Caça no Brasil
A Caça, por definição, é uma arma de elite. Confiando a pilotos super selecionados aviões de preço quase incalculável, concebidos por engenheiros de gênio e executados por conscienciosos e esmerados especialistas, criou-se um instrumento de extraordinária eficácia mas também de extrema delicadeza. Instrumento afiado como navalha, que precisa ser utilizado por mãos ao mesmo tempo firmes e sensíveis. Se usado como faca de açougueiro, não se deve espantar em vê-la embotado.
Tenente General Adolf Galland
Comandante-Chefe da Caça Alemã (1939-1945)
A Aviação de Caça nasceu no momento em que o homem, após criar o avião, vislumbrou seu emprego como arma de guerra. A necessidade de destruir “os observadores aéreos do campo de batalha” é que impôs o surgimento do avião armado e, com ele, a missão de “caça ao inimigo”.
A partir de aeronaves comuns, a indústria aeronáutica mundial seguiu na direção de, não só armar, como transformar essas máquinas voadoras em plataformas de tiro a alvos aéreos. E o fez em um progresso vigoroso de desenvolvimento que, até hoje, domina o modus animandi dos projetistas aeronáuticos – o avião de caça – primeiro guerreiro do ar – é aquele que evolui e se moderniza mais rápida e continuamente no plantel das armas aéreas. E, como mestre dessa máquina de guerra, surge o piloto de caça.
No Brasil, a Aviação de Caça só veio a surgir a partir de 1933 quando a 2 de janeiro a Aviação Naval fez constituir a 1ª Divisão de Caça da marinha e o Exército criou o 1º Regimento de Aviação.
Antes disso, e logo após o término da 1ª Guerra Mundial, o Exército voava “aeronaves de perseguição” SPAD 7 e NIEUPORT 21 bis, de fabricação francesa, e a Marinha, os SOPWITH SNIPE, de origem inglesa.
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NIEUPORT 21 |
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Com a introdução dos Boeing P12 em 1932, voados pelo Exército e pela Marinha, é que começa a se delinear a idéia do emprego de aeronaves dedicadas à destruição de oponentes, por meio de combate aéreo.
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Caças Boeing P-12 sobrevoando o Pão de Açucar |
Até a fundação do Ministério da Aeronáutica, em 1941, os aviões de caça eram voados cumprindo programas de adestramento ditados pelas Missões Militares francesas e inglesas, sem a preocupação do seu emprego como arma de guerra.
A bem da verdade, o nascimento da mentalidade e a estruturação da Aviação de Caça na Força Aérea Brasileira (FAB), em termos sólidos, só viria a ocorrer com a criação do 1º Grupo de Caça em 1943. Unidade de combate, constituída para compor o contingente militar brasileiro a participar das operações da 2ª Guerra Mundial, fez todo seu treinamento no Panamá e nos Estados Unidos e operou no teatro europeu fazendo parte do 350th Fighter Group da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos.
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A história dessa legendária e aguerrida unidade já tem sido amplamente difundida. Para a Aviação de Caça brasileira (se não para toda a FAB), a maior contribuição desse conjunto de homens, à arma aérea, foi a criação de uma mentalidade profissional de combatente e a perseverança na sua preservação no seio da recém-criada Força Aérea Brasileira. Mentalidade essa que, por mais de meio século, encabeça e domina o comportamento do piloto e sua equipe nas Unidades Aéreas da FAB – “a Caça não é melhor nem pior – é diferente” ... Assim se definem os membros dessa comunidade.
Com seu retorno ao Brasil, após a Campanha no Teatro Europeu, o 1º Grupo de Caça imporia – a si próprio e aos seus componentes – uma tarefa tão ou mais importante do que a participação nas operações de guerra: implantar e desenvolver uma “escola de formação de pilotos de caça” para a FAB.
Em 1945, retornando ao Brasil, estes pilotos com experiência de guerra, instalados na Base Aérea de Santa Cruz, deram início a esse misto de apostolado e execução que, até 1998, resultou na formação de 1300 Pilotos de Caça.
Todos plasmados sob a égide da mesma mentalidade a atitude perante a profissão – soldados do ar e combatentes de escol. Conscientes da importância de suas raízes históricas, os novos Pilotos de Caça – irmãos em fé dos Veteranos do 1º Grupo de Caça – também apostolaram durante esse mais de meio século, selecionaram e treinaram esse mais de milhar de combatentes e, hoje, representam a tropa de escol da Força Aérea.
F-8 Gloster Meteor, o primeiro caça à jato da FAB |
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E referendando-se ao dia 22 de abril de 1945, em que o 1º Grupo de Caça na Itália cumpriu – com extremo denodo e eficiência – sua jornada de maior esforço no combate, é que se comemora o Dia da Aviação de Caça.
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