25/02/2009

Aviação no Brasil

Aviação no Brasil


Hildeberto Aleluia

O setor da aviação no Brasil passa por um período problemático. Problemas na operação, na infraestrutura, na administração e na política geral para o setor.
E o que é pior, sem solução. Faz anos assim, desde que acabaram com o velho DAC, e, desde a quebra da Varig.

Como me arrependo de haver torcido pelo fim da Varig, sem ajuda do governo. A quebra da Varig levou para o além todo o know how, a tecnologia, a sensação e o conforto de estar no primeiro mundo em matéria de aviação.

O passageiro, sei disso hoje, merecia qualquer esforço, qualquer dinheiro do BNDES, para ter a VARIG em pé. A aviação brasileira funcionava embaixo de suas asas.

Sábado, 14 de fevereiro, creio que vivi a piada, o escárnio que um passageiro pode passar num vôo normal. Embarquei para Brasília, às 10 h da manhã, para um almoço às 12:30 h. Vôo TAM JJ 3820. Uma hora e vinte minutos de vôo. Havia tempo suficiente para eu não atrasar no compromisso.

Melhor ainda, todos os passageiros haviam embarcado antes da hora prevista. Sairíamos adiantados, coisa rara nos tempos de hoje nos aeroportos brasileiros.

O avião deixou o finger e já fora da área de taxiamento uma jovem de uns 15 anos começa a chorar, desesperadamente. Implora para deixar o avião. Dizia que queria a mãe, o namorado, e que não queria ficar. Era um choro desesperado. Me comoveu.
O avião voltou ao finger. Abre-se a porta, a menina sentada no banquinho das comissárias e aparece o Comandante da aeronave. Jovem, cara de garoto, sua argumentação não me convenceu e percebi que tão pouco à jovem desesperada.

Imaginei que se o avião necessitasse dele na subida, ou em outra situação de emergência qualquer estaríamos ferrados. Sua juventude é tamanha que só recomenda experiência para lidar com essas máquinas programadas para tudo, menos quando ela precisar da mão do homem.

Ele é tão jovem que fiquei a imaginar. Sentado na primeira fileira, eu observava. Finalmente, com a ajuda da mãe, pelo celular, ele convence a adolescente a parar de chorar e continuar no vôo. A comissária adverte a jovem de que não abriria mais a porta da aeronave.


disse à aeromoça:
- Esta menina vai dar muito trabalho no vôo....
E ela:
- Eu sei, mas foi o comandante que decidiu.

Iniciamos a partida, outra vez. Já próximo da cabeceira da pista a moça entra em desespero, de novo, chamando a mãe. As comissárias resolvem ceder e voltamos ao finger, pela segunda vez. Retiram a jovem. Mais a espera para o desembarque da bagagem só decolamos às 11:30 h. Uma hora e meia de atraso.

Isso depois de alguns passageiros, como uma moça jovem e loura, irem até a chorona e dá-lhe um belo sabão. Partimos. Eu ali, já estava a ponto de ser tomado pela histeria da jovem, e desistir da viagem.

Voltei aos meus medos do passado, lembrei das histórias de premonições de passageiros, de quedas de aviões e num momento superei tudo e fiquei com raiva da jovem.

Para começo de assunto, ou de viagem, a jovem deveria ser desembarcada já no primeiro chilique. Comandante de avião comercial não tem que convencer ninguém a voar. Vai quem quer.

Mãe, de casa, não pode ficar dando ordens à filha descompensada, num avião comercial, com mais de 150 passageiros a bordo a dependerem de uma história surrealista como essa. Mas este é o retrato da aviação brasileira, hoje, dominada por empresários de ônibus, como se um avião fosse mais um busão disponível para embarcar e desembarcar gente em qualquer lugar, onde eles bem entendem.

Isso sem considerar os preços absurdos praticados pelo duopólio nacional. Ai que saudade da Varig. E não é só. Os embarques, hoje, tanto na TAM quanto na GOL, normalmente, são feitos em cima da hora e de uma única vez. Ao invés de embarcarem os passageiros em grupos, de acordo com a marcação de assentos, e primeiro aqueles com assento marcados os no fundo da aeronave, como acontece em qualquer país, aqui se embarca todos de uma vez. Até que todos se entendam e se arrumem lá se vão mais 15 a 20 minutos de atraso.


E para o término de uma viagem cujo destino era o Galeão, na volta, o avião parou na área remota. Embarcamos no ônibus rumo ao terminal. Na saída, apenas uma porta entreaberta, de vidro, dava passagem para todos os passageiros. A ordem era do guarda de segurança, segundo o funcionário da GOL, vôo 1693. Ou seja, o guarda da empresa de segurança, naquele dia, ou todos os dias, no velho Galeão, é a autoridade máxima que disciplina o funcionamento interno do aeroporto.

No lugar do guarda deveriam chamar um bom administrador. Não seria difícil colocar ordem nessa balburdia que se tornou a aviação brasileira.

Socorro!!!!!!!!

Hildeberto Aleluia - é jornalista

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