25/10/2013

BIOCOMBUSTÍVEL - Gol quer voo diário com biocombustível em 2014



Gol quer voo diário com biocombustível em 2014 


[foto:aerojoaopessoa.blogspot.com]

 Por João José Oliveira | Valor Paolo Fridman/Bloomberg SÃO PAULO 

 A Gol realiza nesta quarta-feira o primeiro voo comercial do país com uma aeronave movida a biocombustível. Será o segundo passo do processo que começou em 2011 e que prevê 200 outros voos durante a Copa do Mundo e o início de uma rota diária com a presença de querosene alternativa.

 Perto das 13 horas, o voo G3 1408 decola do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, com destino à Brasília. As turbinas GE do Boeing 737 vão rodar com uma composição formada por 75% de querosene de aviação (QAV) de origem fóssil e outros 25% de biocombustível de origem vegetal, uma composição de óleo de milho não comestível com óleo de cozi nha, produzida pela americana UOP, do Texas. 

 Antes do voo, o ministro da Secretaria da Aviação Civil (SAC), Moreira Franco, participa de entrevista coletiva juntamente com o vice-presidente Técnico Operacional da Gol, Adalberto Bogsan. “É uma operação feita para chamar a atenção para a criação dessa nova indústria”, disse o diretor técnico operacional da Gol, Pedro Scorza. “Em termos comerciais, o biocombustível ainda enfrenta gargalos de logística e de custos”, diz. 

 O executivo afirma que o gargalo de regulação foi removido em 25 de junho deste ano, quando a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) publicou resolução que permite a adição do querosene alternativo ao querosene de aviação (QAV-1), até o limite de 50% em volume, para consumo em turbinas de aeronaves. “Mas os preços ainda são elevados. E precisamos ver como construir uma logística que garanta o fornecimento do biocombustível nos aeroportos”, afirma Scorza, lembrando que o setor aéreo tem o compromisso de, até 2050, reduzir pela metade as emissões de gases de efeito estufa em relação ao patamar de 2005. 

 Nas contas da Gol, o biocombustível é quatro vezes mais caro que o QAV, hoje com o litro na casa de R$ 2,40. “Se o ICMS fosse cortado de 25% para 12% já seria viável usar o biocombustível na proporção de 10% para 90% de querosene. Isso ajudaria a eliminar a barreira do custo”, afirma o diretor da Gol. 

 Com a expectativa de que os entraves à implementação da indústria do biocombustível de aviação sejam removidos no país ao longo dos próximos meses, a empresa planeja realizar durante a Copa do Mundo 200 voos com biocombustível entre as cidades-sede. “Após a Copa, nosso plano é estabelecer ao menos um voo comercial diário com biocombustível no país”, disse Scorza. 

A empresa tem acordo com a Amyris — companhia americana de biotecnologia que tem uma usina em Brotas, no interior paulista — para receber o biocombustível de aviação, feito a partir da cana-de-açúcar. Nas contas de Scorza, a Gol pode demandar até 80 mil toneladas por ano de biocombustível para abastecer 10% de todos os voos com esse insumo em lugar da querosene de aviação. “O importante é desenvolver essa indústria para que no longo prazo a gente tenha menor dependência do combustível fóssil”, disse Scorza referindo-se ao item que responde por cerca de 40% dos custos operacionais da empresa. 

 Os testes para que essa base industrial seja constituída no Brasil ocorrem há três anos. Em novembro de 2010, a TAM fez um voo de 45 minutos usando querosene tradicional e combustível feito a partir de pinhão manso (50%) em uma das turbinas. O resultado foi uma temperatura média mais baixa na turbina e um consumo menor. 

 A Gol então fez um voo teste, não comercial, em 19 de junho do ano passado, durante a conferência da Organização das Nações Unidas sobre o desenvolvimento sustentável, a Rio+20, usando combustível resultante do processamento de óleo vegetal e gordura animal. Antes disso, em 2005, a Embraer fora pioneira com o lançamento do Ipanema, primeiro avião a ser produzido em série com motor movido a etanol. 

 A Gol integra o Grupo de Usuários de Combustível Sustentável para Aviação (SAFUG, na sigla em inglês ) — composto em 2008 e formado hoje por 26 empresas aéreas mundiais, fabricantes, organizações ambientais e fornecedores de tecnologia de combustível. Esse grupo responde por mais de 32% do consumo de combustível de aviação anual.

Fonte:Valor Econômico - Por João José Oliveira | Valor Paolo Fridman/Bloomberg SÃO PAULO 

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