01/01/2009

Israel retoma ataques seletivos com assassinato de líder do Hamas

Da EFE

Saud Abu Ramadan.














Gaza, 1º jan (EFE).- Israel subiu hoje um degrau em sua ofensiva contra a Faixa de Gaza ao matar Nizar Rayyan, líder de destaque do Hamas, e assim retomar a política de "assassinatos seletivos" contra radicais islâmicos.

O miliciano, sua mulher e seus oito filhos morreram em um bombardeio aéreo contra a casa em que viviam no campo de refugiados de Jabalya, no norte de Gaza, informaram fontes médicas.

Rayyan era o líder mais importante do Hamas no norte da região e tinha como responsabilidade coordenar os braços político e militar do Hamas, este último conhecido como Brigadas de Ezzedine al-Qassam.

Fontes militares israelenses disseram à Agência Efe que o bombardeio sobre a casa do miliciano foi motivado por sua "participação na organização de atentados suicidas em Israel".

Considerado um representante da linha dura do Hamas, Rayyan passou os últimos dias defendendo a retomada dos atentados terroristas em Israel como resposta aos bombardeios israelenses em Gaza.

Doutor em Filosofia Islâmica, o líder é, até o momento, a vítima de maior relevância da ofensiva israelense, que já deixou mais de 400 mortos, 40% destes civis, e dois mil feridos, segundo o balanço apresentado nesta quinta-feira pelo chefe do serviço de emergências da Faixa de Gaza, Moawiya Hasanein.

Ainda segundo esse funcionário, 800 dos feridos são mulheres ou crianças, e 200 encontram-se em estado grave.

Com a morte de Rayyan e sua família, assassinados de madrugada durante bombardeios que mataram outros cinco palestinos, Israel resgatou a política de "assassinatos seletivos" que aplicou entre 2002 e 2004 contra radicais islâmicos como o líder e fundador do Hamas, Ahmed Yassin, e seu sucessor, Abdel Aziz Rantissi.

Na Faixa de Gaza, os primeiros minutos de 2009 foram marcados pelos mísseis da Força Aérea israelense, que nos últimos seis dias bombardeou centenas de locais vinculados ao Hamas, como ministérios, casas de ativistas, delegacias, mesquitas, a sede de uma ONG e instalações da Universidade Islâmica.

Nesta madrugada, os principais alvos foram o Parlamento e o Ministério da Educação, informou o Exército, que definiu os dois prédios como parte "fundamental da infra-estrutura dos grupos terroristas em Gaza".

Além disso, foram destruídos cinco túneis subterrâneos na fronteira entre Gaza e o Sinai egípcio, pelos quais eram contrabandeados armas e produtos que se tornaram escassos na faixa territorial palestina após um ano e meio de bloqueio israelense.

Alguns moradores das áreas atacadas contaram ainda que foram alvos de bombardeios terrestres, que se somam aos lançados pela Força Aérea de Israel e pelos navios de guerra que patrulham as costas da região.

Há seis dias que a maior parte da população de Gaza vive trancada em casa, sem água nem luz, apenas com o som dos bombardeios, das ambulâncias e dos aviões israelenses não tripulados.

Em torno do território, Israel mantém posicionados soldados e tanques, com vistas a uma eventual incursão terrestre.

Ontem, o Exército propôs ao Governo o lançamento de uma incursão terrestre de peso, mas relativamente curta, na Faixa de Gaza, informou nesta quinta o jornal "Ha'aretz".

Segundo uma pesquisa divulgada pela publicação, 19% dos israelenses apóiam a invasão de Gaza, enquanto 52% preferem a continuidade da atual política de bombardeios.

Por outro lado, 5% dos consultados querem que o Governo negocie uma trégua com o Hamas o mais rápido possível.

O primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, ressaltou hoje que seu país tratará a população de Gaza "com luvas de seda", enquanto o Hamas vai ser tratado com "punhos de ferro".

Olmert fez esta afirmação em uma visita a Be'er Sheva, localidade a 37 quilômetros de Gaza que, esta semana, pela primeira vez foi atingida por foguetes palestinos.

Só no dia de hoje, as milícias de Gaza lançaram 40 projéteis contra o sul de Israel, um dos quais provocou um incêndio em um edifício de oito andares em Ashdod, o qual não causou vítimas.


EFE

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